{Resenha} O Discurso Secreto (Liev Demidov #2) - Tom Rob Smith

  Na União Soviética pós-Stálin, um discurso de seu sucessor Nikita Kruschov marca o período em que as brutalidades do regime stalinista começam a ser amplamente condenadas. Liev Demidov, ex-agente de segurança do Estado, vê-se confrontando pelos erros de seu passado. De suas próprias filhas adotivas, cujos pais biológicos foram mortos por ordem de Liev, à líder de gangue Fraera, cujo marido foi aprisionado em um gulag, personagens afetados por suas atividades profissionais vêm obrigá-lo a prestar contas sobre o seu envolvimento político (extraído do Skoob).

Antes de tudo, gostaria de agradecer muito o convite da Leila e da Elza para participar do blog. Sempre torci muito pela página e espero poder manter as meninas animadas! Meu estilo de livro é o último YA que vi antes de terminar o livro que estou lendo, mas tentarei selecionar melhor o que apresentar a vocês, rs.

Por uma coincidência estranha, o livro que li mais recentemente não é um YA, mas segue a fórmula da trilogia, então nem dá pra notar a diferença, certo? Como minha primeira vez, acho que perdi o controle de meu texto, então peço desculpas. Tentarei estudar melhores formas de opinar para vocês.

Pois bem, o Discurso Secreto é o segundo livro da série protagonizada por Liev Demidov, quem eu espero não ser uma representação do Tom Rob Smith, como normalmente parecem ser esses principais de séries investigativas/de ação escritas por homens. Ele se passa uns anos depois de Criança 44, livro por que eu simplesmente me apaixonei muitos anos antes, mas não sabia que seria continuado. As histórias podem ser lidas em apartado, mas acho que começando pelo segundo, vocês já saberão o final do primeiro e terá menos graça.

Aqui Liev ainda enfrenta as consequências de sua crise de consciência que presenciamos no primeiro livro e tenta seguir com suas atividades combatendo o crime e se dedicando à sua família. Na verdade, a história começa com um interessante flashback de sua primeira missão, quando ainda cuidava de casos políticos e precisou prender um padre e sua esposa, que seriam sem dúvidas torturados e enviados a um gulag — a versão soviética para campos de concentração. Este caso serve mais do que como apresentação do personagem aos que não sabiamente pularam o primeiro livro, seus personagens e consequências guiarão a trama.

Em seguida, temos a minha parte favorita, uma mostra de como Liev não deve bater bem da cabeça. Que policial treinado não percebe que uma menina de quatorze anos (não treinada para operações sigilosas) passa as noites pondo a lâmina de uma faca sobre seu pescoço? Desculpa, quero dizer, mostra-se em seguida que a família que nosso protagonista tenta idealizar não vai muito bem por "conflitos" com a mais velha das duas irmãs que a esposa e ele adotaram. E Liev, embora se esforce, não tem seguido muito fidedignamente a promessa feita à sua consorte de ser sincero sobre tudo. Mas pensando bem, ele achou que poderia ser normal a porta do quarto dele abrir sozinha e aparecer um facão no piso do lado de sua cama... ele não estava realmente escondendo nada da Raíssa!

O terceiro ingrediente para o desastre, uma série de suicídios associada a um material produzido pelo governo, que reconhece e condena as perseguições durante o mandado de Stálin.

Esses três aspectos da vida de Liev se encontram para formar a história de O Discurso Secreto. 

Então, o que eu achei disso? Desapontador. Soará uma péssima desculpa, mas suspeito que o problema não seja ele, mas sim eu. Infelizmente, só me lembro de ter gostado bastante de Criança 44. Não sei se o autor perdeu algum sabor com esta sequência. Contudo, o fato é que não me apaixonei por nenhum personagem. Até os que morriam, eu meio que não me importava. Aliás, tem um que... nem sei se morreu e suspeito que o autor esqueceu de dizer que não no final. Mas sem estragar a história, retomemos à minha opinião. 

Este é um livro de gênero diferente, é a impressão que tive. Criança 44 lidava com um mistério sobre os crimes que ocorriam contra várias crianças por toda União Soviética. Eles se ligam porque o problema continuam sendo as decisões políticas de acobertar informações em nome do "bem maior" e a necessidade de melhoras no regime comunista. Entretanto, Criança 44 me fez sentir um suspense, um "o que terá acontecido", algo assim. O Discurso Secreto, de fato, possui segredos (apesar de o discurso parecer qualquer coisa menos secreto), só que eu como leitora não me importei com querer sabê-los. O foco era para o que acontecerá com o Liev. Desnecessário dizer que meu nível de importância conferida a ele me impediu de realmente querer saber isso e a leitura tornou-se maçante. Eu classificaria este livro muito mais como uma ação ou até um drama político, não é um suspense. Esse é outro ponto que me frustrou, não era o que eu queria ler. E não valeu a pena ler algo diferente.

Não sou de me atentar à evolução dos personagens, mas eu sinto que nesta história não houve nenhuma para o principal. Ele parece concluir que deve ser mais sincero, por um lado, por outro, sinto que se a filha adotiva voltar a pôr facas no pescoço dele, ele vai continuar em negação que seja isso mesmo o que esteja ocorrendo e continuará não conversando com ninguém sobre isso. Sinceramente? Eu faria o mesmo. 

Talvez o autor deve ter focado melhor no que estava acontecendo por baixo dos panos. Não sei como ele o faria, mas eu teria me interessado mais se estivesse procurando os segredos em vez de perder tempo com possíveis naufrágios e torturas e motins e mais revoltas... O pano de fundo, a reviravolta causada por ele e apresentada como o grande clímax do livro, pareceu bobo e superficial para mim. Não houve uma construção interessante para fazer "ah!" quando lêssemos. Eu só... *vira a página pro próximo capítulo*

Certo, eu não gostei realmente. Então, eu odiei? Não. É o que disse, o problema fui eu. Se eu estivesse disposta a ler como uma história de ação... acho que o autor se saiu bem nesse aspecto. A história também não foi péssima, foi até interessante — e teria sido maravilhosa se eu me importasse com Liev, Fraera, Raíssa, Timur, Zoia... No final, as cenas de que mais gostei foram do pequeno romance entre Zoia e outro personagem. Gostei de como começou, gostei de como foi, gostei até de como terminou. Nem exijo que houvesse mais detalhes, como foi já satisfez. 

Enfim, recomendo aos que leram o primeiro, não esperarem mais do mesmo. O autor realmente apresentou um prato distinto nesta rodada, que eu imagino agrade até bem mais que Criança 44 para uns. O livro sucedeu bem ao trazer cenas chocantes e desfechos fortes, mas a minha apatia pelos personagens não me permitiu aproveitá-las o bastante. Minha sugestão aos que lerem é: aproveite o momento. Examinar parte por parte como um bom thriller pode ser uma forma muito mais divertida que apostar no grande motivo rodando aquilo tudo. 

Nota:

Serviço
Título Original: The Secret Speech

Editora: Record

Ano: 2010
Número de Páginas: 433