29 agosto 2015

{Resenha em Dupla} Pequenas Grandes Mentiras - Liane Moriarty


"Dizem que não é bom guardar ressentimentos, mas sei lá, eu bem que gosto do meu ressentimento. Cuido dele como se fosse um bichinho de estimação."


SOBRE O QUE É


Resumo oficial: Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da Escola Pirriwee tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis, os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um pequeno grupo se juntou, alguém cai e morre. Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem matou? Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres, cada uma delas diante de uma encruzilhada.

Elza: Desperate Housewives Austrália! Um bando de donas de casa, cujas vidas giram em torno dos filhos no pré-escolar, falando da vida alheia desesperadamente. E tem um crime para deixar tudo mais suculento.


VISÃO GERAL

Anita: Eu normalmente evito ler livros com resumos de "esta é a história de três mulheres". Se você também é dessas, ignore o resumo. Este aqui vale a pena, porque este livro não é realmente de interesse humano. Um crime aconteceu e você quer saber o que foi. Melhor dizendo, você precisa saber quem morreu! Diferente dos mistérios usuais, a autora conta a história de tal forma que sua maior curiosidade é com a identidade da vítima.

Elza: E esse livro desperta o seu espírito patriótico. Porque o crime acontece durante uma reunião de pais no pré-escolar, e os pais estão todos fantasiados! Você não respirou fundo e deu graças a Deus por ser brasileira e nunca ter tido que ver seus pais pagando esse mico? 

Anita: Os pais dessa escola são o assunto principal. Entre os capítulos, enquanto a autora nos leva aos meses anteriores à morte, são apresentados depoimentos desses pais à imprensa e também ao investigador do caso. Um resumo bem honesto disso: é uma loucura! Mas o clima do livro não é exatamente divertido. Os temas, bullying, preconceito e violência doméstica, além de divórcio e guarda parental, são tratados com a devida seriedade pela autora. Mas não tanto pelos personagens, para os quais cada passo que levaria à esperada tragédia é mais uma grande fofoca a se fazer. 

Elza: As três mulheres do resumo são Madeline, uma dona de casa com três filhos e acostumada a ter tudo sob controle, sem mencionar a língua afiada; Celeste, a rica e linda mãe de gêmeos cuja vida privada não é bem o que parece; por último, Jane, mãe solteira recém-chegada à cidade, que também tem lá seus segredos. De cara a pobre Jane é discriminada pelas outras mães, Madeline e Celeste não inclusas, porque seu filho, Ziggy, supostamente se mete em problemas na escola. O nome do garoto não ajuda.

Anita: E justo com a menina mais amada da turma, que também acontece de ter a mãe mais chata de todas. Isso coloca Jane bem no meio dos problemas entre as mães (e pais) quando as aulas nem haviam começado. Mães que trabalham versus mães dedicadas à família. Filhos inteligentes versus filhos normais. E quando Madeline toma as dores de Jane, os times se formam e a guerra começa. Para nosso divertimento, por um lado. Por outro, o que uma briguinha (quase) normal entre pais e escola teria a ver com um possível homicídio? E por que as pessoas precisam mencionar o clube de livros eróticos em seus depoimentos? 

Elza: No final das contas, o mistério em si não é o melhor do livro, mas as coisas que acontecem até a noite da reunião escolar. Em especial a guerra entre as mães. #teamMadeline4ever


PONTOS POSITIVOS

Elza: Eu adorei a narração dessa autora. A forma irônica como ela retrata as mulheres vivendo no subúrbio é deliciosa. As personagens dela também são muito cativantes. Eu fiquei tensa o livro inteiro com medo da vítima do crime ser alguém de quem eu tivesse gostado muito. 

Anita: É estranho como eu acabei gostando das três personagens. A Madeline é uma favorita certa, mas aos poucos a autora conseguiu também me convencer quanto às outras. Acho que minha segunda favorita foi justamente a Bonnie, que acontece de ser a nova esposa do ex da Madeline. Foi minha grande candidata a assassina pelo livro inteiro — não conto se acertei. 

Elza: Que bizarro. Eu tinha esquecido completamente que a Bonnie existia até você mencionar agora. Só lembro de morrer de pena da filha dela. A menina parecia tão... sei lá... frágil? Apagadinha? O tipo que tem "vítima de bullying" desenhado na testa.

Anita: E nem foi ela a vítima (do bullying, não dou pistas sobre o(a) morto(a)). Algo muito divertido neste livro também é como uma besteira aumenta para um problemão. Qualquer coisinha toma escalas monumentais depois que caem na boca das mães (e pais). E a autora conseguiu narrar de maneira crível. Se alguém chegasse e me dissesse que fato x ou y (como o clube de livros, que nada tinha a ver com nada) ia ser um grande estopim, eu diria que a autora forçou a barra. E isto não ocorre aqui. 

Elza: Medo de mães australianas. Medo de escolas australianas. Essa coisa das fantasias é bizarra demais. Ainda não consigo entender o sentido dessa reunião de pais. É claro que alguém ia acabar morrendo. Nem que fosse de desgosto.


PONTOS NEGATIVOS

Anita: O final. Não foi ruim. Contudo, para um livro tão... irreverente? Inesperado? Maluco? Até que foi um desfecho bem comunzinho. Fiquei feliz que não tenha sido algo louco e fora de órbita. Pelo andar da carruagem, temia que a Liane aloprasse e inventasse um final forçado. Por este lado, foi um alívio. Ainda assim, foi tão normal que me decepcionei. 

Elza: Concordo. A revelação da vítima foi a única coisa que achei que deixou a desejar. Li outro livro da autora, O Segredo do Meu Marido, que tinha um desfecho bem superior. Achei a revelação aqui previsível. Foi justamente o que eu achei que provavelmente não aconteceria porque ia ser óbvio demais.

Anita: Também achei que a autora juntou muitos temas fortes, polêmicos. Até que juntou bem, ficou crível ali. Ao mesmo tempo, o tratamento que ela foi aplicando a eles deixou a desejar. Ela seguiu na base do clichê com boa parte deles, incluindo os conselhos para vítimas de estupro e de violência doméstica. Mas estou catando do que falar, eu ainda amei o livro não importa o quê. 

Elza: Isso não é bem um ponto negativo, mas vou mencionar assim mesmo: só eu achei a filha adolescente da Madeline a maior pentelha? Eu era #teamMadeline4ever quando se tratava dela também! A Bonnie e aquela coisa natureba dela. Não confio em gente que não come carboidratos! 

Anita: A Bonnie era diva, conseguindo se manter a mesma no meio daquele monte de mãe maluca. Mas também não confio não... já disse, é a assassina mais provável ali! 

Elza: Nunca vou entender o que você viu na Bonnie. O simples fato dela parecer "normal" no meio de um bando de mulheres loucas já a torna a mais louca! 

Anita: Não! Eu gostava porque ela era a que usava a carteirinha de louca com orgulho! 

Elza: Loucas naturebas são o tipo errado de loucas. Hunf.


ÚLTIMOS COMENTÁRIOS 

Anita: Este foi meu primeiro livro da Liane Moriarty e não será o último. Acabei atraída por uma resenha que dizia que seu grande diferencial como mistério era não só não conhecermos o culpado, mas também precisarmos desvendar quem era a vítima. Juntando isso a um monte de mães malucas e estranhamente verossímeis, não é uma leitura a se perder! 

Elza: Recomendadíssimo! Se esse livro fosse comida, seria sorvete, o que diz tudo sobre o quanto eu gostei. Sou a favor de pegarem os livros da Liane Moriarty e adaptarem como Desperate Housewives Austrália. Já teriam uma fã assídua aqui.


Avaliação:





Serviço
Título Original: Big Little Lies
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Número de Páginas: 400

3 comentários :

  1. Oi meninas!
    Eu gostei bastante do livro e não achei que o final foi sem graça. Acho que é o tipo de história tão "real" que reviravoltas demais no final deixaria forçado, entendem?
    Também não será meu último da autora ;)
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi! Muito obrigada pela visita e sim, definitivamente quero ler ao menos mais dois dela e já estou na espera pelo próximo sobre que quer que seja, rs.

      Beijos,
      Anita

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    2. Olá! Obrigada pela visita.
      Estou lendo As Lembranças de Alice, da mesma autora... O mesmo texto irônico de PGM, só estou sentindo falta de um cadáver. (Ok, isso soou muito estranho até mesmo para mim, mas acho que você entendeu).

      Abraços! :D

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