{MLI2015} 4ª SEMANA (FINAL)

Finalmente a Maratona Literária 2015 chegou ao fim. Eu adorei participar. Ela me fez ler livros que estavam mofando por aqui há anos e que provavelmente mofariam por vários outros se não tivesse sido por essa oportunidade. Foi uma experiência que recomendo para todos.

O único problema foi que exagerei um pouquinho com a minha lista. Pensei que tivesse adicionado dezesseis livros e acabei adicionando dezoito... Não vou dizer que não dormi durante esse mês porque se tivesse dormido menos, talvez tivesse me tocado que a maratona ia até o dia 2 ao invés do dia 3, e sido um pouco mais eficiente com os últimos livros... Só terminei 1Q84 ontem, então sintam-se à vontade para exclui-lo da minha lista de concluídos. De qualquer maneira consegui terminar todos os desafios - Êeee. Pausa para uma dancinha) - e praticamente todos os Extras. Próxima maratona prometo ser menos gananciosa.

Mas vamos aos últimos livros:

A MÁQUINA DIFERENCIAL

Título original: The Difference Engine

Autor: William Gibson e Bruce Sterling

Editora: Aleph

Ano: 2015

Páginas: 456

Sobre o que é: Em um universo em que a Inglaterra vitoriana é governada pelo Partido Radical, as pessoas convivem com a tecnologia muito antes do que aconteceu na realidade. Uma caixa misteriosa passa pelas mãos de três personagens: Sybil Gerard, uma prostituta cujo pai era um insurgente que foi executado; Ada Byron, filha de Lorde Byron, então primeiro-ministro; e Edward Mallory, um paleontologista respeitado. A busca pela caixa leva Londres a uma situação caótima, envolvendo grupos secretos e cidadãos insatisfeitos, e causa grandes mudanças nas vidas dos três indivíduos que a possuem.

Avaliação:

Um universo rico em detalhes, com personagens tanto reais quanto fictícios convivendo em um mundo alternativo, baseado em um “e se”. E se certos avanços tecnológicos tivessem sido alcançados bem mais cedo na história? 

Minha expectativa para esse livro era levar uma surra intelectual, como aconteceu com boa parte de Neuromancer, então fico feliz em dizer que fiquei consideravelmente menos perdida dessa vez. Tenho a sensação de que minha falta de conhecimento de história da Inglaterra, em especial do período vitoriano, tenha me feito passar por várias referências sem compreendê-las totalmente, mas não acho que isso tenha afetado demais a experiência. É um livro que se passa em um mundo estranho, com uma atmosfera pesada e misteriosa, muito impressionante pela riqueza de detalhes. 

Minha reclamação vai para a narração centrada em personagens diferentes que não se conectam satisfatoriamente. Alguns personagens sugeriram uma importância que acabaram não tendo.

A MORTE DA LUZ 

Título original: Dying of the Light 

Autor: George R.R. Martin 

Editora: LeYa 

Ano: 2012 

Páginas: 336

Sobre o que é: Dirk t’Larien nunca esqueceu sua antiga amante, Gwen Delvano. Quando recebe um pedido de ajuda da mesma, ele não hesita em partir para um planeta prestes a ser extinto, onde a encontra na posição de esposa de um bárbaro. Decidido a liberta-la, acaba se envolvendo na cultura de um povo que não consegue respeitar e obrigado a contar com a proteção de pessoas nas quais não confia.

Avaliação:

Esse foi o primeiro livro de George R. R. Martin, provando que nunca houve um momento em que ele não tenha mandado bem... Aqui ele criou um universo futurista fenomenal, com descrições da história da humanidade após a conquista do espaço e detalhes sobre mundos colonizados e raças alienígenas. Achei uma pena não haver continuações que explorassem as infinitas possibilidades. 

Sobre o enredo, é bem pensado e envolve mistério e aventura em doses bem balanceadas. A narrativa começa um tanto lenta, mas vai melhorando gradativamente até se tornar difícil de largar. Para quem começou a ler e pensou em desistir porque estava achando tudo muito chato, recomendo insistir um pouco mais. Realmente vale a pena. 

Os personagens são excelentes. Minha única reclamação é que eu teria passado sem Dirk e Gwen discutindo o relacionamento 24/7. Quase fiquei aliviada quando o segundo se meteu em apuros longe dela... em um mundo sem telefone... 

Não posso deixar de mencionar o primo do Khal Drogo (melhor lembrado por mim como “marido da Gwen”, já que ele tinha uns cem nomes que eu não decorei). Beijo, Khal Drogo! Nunca vou parar de chorar por você. 

Se eu aprendi algo com esse livro foi que homens de civilizações bárbaras dão melhores maridos em livros de ficção científica, já que eles não entediam os leitores discutindo relacionamento.

DESPEDAÇADA (REINICIADOS #3)

Título original: Shattered (Slated, #3) 

Autor: Teri Terry 

Editora: Farol Literário 

Ano: 2014 

Páginas: 400

Sobre o que é: Em um futuro próximo, na Inglaterra, jovens infratores ao invés de cumprir pena são reiniciados, ou seja, têm suas memórias apagadas para serem reintroduzidos na sociedade, com novas famílias, abandonando todas as ligações com seu passado. Kyla, a protagonista, se vê envolvida com um grupo terrorista que promoveu experiências para burlar a reinicialização, além de ter que lidar com os mistérios envolvendo seu passado.

Avaliação:

Difícil falar de um terceiro volume de série sem dar spoilers. O começo do livro em si já entregaria o final do segundo. Vou dizer apenas que essa é uma das poucas séries juvenis que eu consegui ler todos os livros sem querer arrancar os cabelos. O tema de pessoas sofrendo lavagem cerebral após cometer delitos e dos abusos cometidos por aqueles em posse da tecnologia é muito interessante. A protagonista tem seus momentos de burrice extrema – que no caso dela pode ser justificado pelo chipe que colocaram em seu cérebro. Vai saber os efeitos colaterais do procedimento –, mas nada que comprometesse demais. A série inteira não é perfeita, mas é boa. Recomendo.

TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER

Título original: All the Light We Cannot See

Autor: Anthony Doerr

Editora: Intrínseca

Ano: 2015

Páginas: 528

Sobre o que é: Segunda guerra mundial. O livro conta as histórias de Marie-Laure, uma garota cega que foge de Paris na companhia do pai, este levando consigo uma relíquia do Museu de História Natural em uma tentativa de salva-la das mãos do exército nazista; e Werner, um menino alemão que sonha em ser engenheiro, mas acaba sendo arrastado pela força dos acontecimentos para o centro da guerra.

Avaliação:

Um dos melhores livros que li esse ano. A narração é belíssima e as histórias comoventes sem jamais soarem apelativas. O tema da guerra destruindo sonhos foi mostrado com perfeição pelo autor que conseguiu dar vida a personagens difíceis de esquecer.

A única razão pela qual não dei nota máxima foi porque a parte em que os caminhos dos dois personagens principais se cruzam me deixou com a sensação de algo fartando. Talvez o autor quisesse passar uma mensagem com a forma como as coisas se desenrolaram, mas se foi isso não consegui alcançar. Mesmo assim, um livro imperdível.

1Q84 (1Q84 #2)

Título original: 1Q84 

Autor: Haruki Murakami 

Editora: Alfaguara 

Ano: 2013 

Páginas: 376

Sobre o que é: Mais um livro sobre duas histórias que se cruzam. A primeira de Aomame, uma mulher que trabalha para uma rica benfeitora de uma casa para mulheres vítimas de violência, desempenhando uma função muito especial e arriscada; a segunda de Tengo, um professor de matemática e aspirante a escritor que acaba se envolvendo com algo perigoso ao aceitar reescrever o romance de uma garota de dezessete anos com um passado misterioso.

Avaliação:

O pequeno resumo que fiz diz muito pouco sobre a montanha russa que essa série consegue ser. O enredo envolve um culto misterioso; uma espécie de mundo paralelo onde duas luas pairam no céu; seres misteriosos que estão por trás de todos os acontecimentos; além de muitas menções à cultura pop americana e passagens reflexivas. Para mim esse livro é isso: uma viagem. Imagino que Haruki Murakami, pela estranheza das duas histórias, seja aquele tipo de escritor que você vai amar ou odiar. Pessoalmente amo. 

Mas gostaria que alguém me explicasse qual o negócio dele com seios enormes...

Então... Foi isso. FIM DE MARATONA!

Saldo total de páginas: 5948

Estou precisando de um dia para reconstruir meu relacionamento com a televisão, mas o próximo livro ganhará uma resenha completa. Promessa a mim mesma!

Até a próxima marat... er... livro!