14 agosto 2015

{Resenha} The Accidental Empress (Sissi #1) - Allison Pataki


O ano é 1853, e os Habsburgos são a mais poderosa família governante da Europa. Com seu império que se estendia da Áustria à Rússia, da Alemanha à Itália, o imperador Franz Joseph é jovem, rico, e pronto para casar. 
Aos quinze anos de idade, Elisabeth, ou "Sissi", duquesa da Baviera, viaja para o castelo de Inverno da família real austríaca, junto com sua irmã mais velha, convidada a virar noiva do jovem imperador. Mas pouco depois de sua chegada à corte, Sissi se encontra em um dilema inesperado: ela inadvertidamente ganhou o coração do noivo de sua irmã. Franz Joseph renega o acordo entre as famílias e declara a sua intenção de se casar com Sissi. Mas a vida de imperatriz de um dos maiores impérios, especialmente em tempos de declínio do absolutismo, não fará nada bem a então nada mais que uma menina.


Uma coisa: eu me recuso a chamá-la de Sisi, como faz a autora. Sisi me lembra outro personagem... Para mim, ela sempre será a Sissi.

Isto posto fora do nosso caminho, este é um livro baseado em fatos reais. Parece ter sido a intenção da autora usar o romance oficial de Sissi e fazer um triângulo amoroso com aquele personagem que parece ser bem mais compatível com ela do que o príncipe encantado. Não obstante várias indicações desse terceiro personagem, acho que ele somente aparece mesmo na história mais ou menos em 60% do livro.

Finalmente, os olhos dela correm e pousam sobre ele. Ele está de pé perto da frente, com o rosto quase totalmente obscurecido pela peça ornamentada na cabeça de um bispo à frente dele. Ele parece mais arrojado do que ela jamais o viu seus olhos escuros cintilam, Sua alta estrutura portando um casaco de pele curta. Ele a veio observando todo esse tempo. Quando seus olhos se encontram, ela sorri. Ela não se importa com quem veja.

O livro é narrado no passado, em terceira pessoa, sob o ponto de vista da Sissi, com curtíssimas cenas intercaladas no presente mostrando a preparação para um grande evento em que ela estaria na presença dos dois homens por quem está dividida (não emocionalmente, ela sabe bem a quem ama, não é esse tipo de triângulo).

"Você está pronto?", ele pergunta a ela.
"Estou. E você?"
"E alguém poderia se sentir pronto a dividir seu império ao meio?"

A parte inicial foi surpreendentemente adorável. Digo, eu amo a parte inicial de toda história da Sissi. Sim, babei bastante com a história de como ela se torna noiva do Franz e a cena que a Pataki narra foi ainda mais gostosa de ler, porque eu não sabia ainda quem faria a terceira pessoa do triângulo. Sissi está no escritório enquanto a mãe e a tia conversam e admirando um dos guardas ali presente. Por momentos, podia jurar que ela teria um affair com algum militar!

Algo de que gostei nesse início foi a narrativa da autora. Ela fluía, era até gostosa, transformando eventos em momentos interessantes para o leitor.

"Meu Deus, Ludovika, com certeza você criou uma menina espirituosa nesta aqui, não é? Uma pequena duquesa desejando ser um pastor da cabra—Eu nunca ouvi falar de tal coisa." Sophie se virou para o jovem oficial e eles trocaram uma risada.

Sisi, também, percebeu o olhar do guarda e ela sentiu-se corar. Seu olhar era tão intensamente fixo sobre ela, que sentia como se ele quisesse algo dela.

Não sei se fui eu que comecei a me desinteressar pela história, ou se foi a autora que perdeu a paciência de amaciar a narrativa dela. Quando chegou a segunda parte, quando Sissi já está casada com Franz e vê que seus problemas só irão piorar não importava o que fizesse de errado ou mesmo certo, eu cansei com o livro. Esta é a pior parte, a boa notícia é que a terceira melhora. Eu me cansei do Franz, da Sophie e principalmente da Sissi.

Quando cheguei à terceira parte e como eu gostaria que a autora tivesse logo jogado essa parte do enredo... eu já só queria que tudo terminasse logo. Um dos defeitos que devo apontar é a autora ter se preocupado muito em contar a história. Havia cenas que beiravam o ridículo com a necessidade que ela tinha de nos fornecer alguma informação de sua pesquisa, como as constantes menções ao Ludwig, que nem se dignou a aparecer... Com o tempo ela, ao menos, largou a mania de jogar um palavra alemã aleatória e a Sissi responder com a tradução.

Franz, percebendo a reação dela, perguntou: "Você conhece Die Schlittschuhlaufer-Walzer?" 


"Valsa do patinador?" Sisi repetiu o nome. "Não, eu nunca a tinha ouvido antes na minha vida. Mas é a canção mais bonita."

Era bonitinho nas primeiras vezes...

De fato, a Pataki se importou mais com contar a história que com inventar uma história para nos entreter. Ela realmente acreditou que a Sissi era uma princesa esquecida que ela descobriu em todo algum museu da Europa? E mais, detalhes repetidos. A Sissi é jovem, ela comete vários erros. Várias vezes. Aliás, alguém notou que as três vezes em que ela ficou grávida ela sabia exatamente quando tinham ocorrido? A Sissi, não a autora. Desculpa, detalhe aleatório para provar que: eu não precisava saber disso. Se a Sissi fosse aquela máquina de filho — usou saiu bebê —, meu Deus. Hoje teríamos a Áustria-Hungria. Talvez a Primeira Guerra nem tivesse ocorrido. 

E aí eu introduzo um pequeno grande problema. Para quem pesquisou tanto... senti que ela provavelmente cometeu alguns erros. O que mais me irritou foi uma questão que vai soar absurdo eu reclamar se você não leu, mas Franz e Sissi dividiam um quarto. Mais, a Sissi diz na noite de Natal — eles casaram em abril acho — que era a primeira vez que não dormiam juntos. Talvez essa segunda parte seja verdade, mas temos um dos castelos mais luxuosos do mundo, em uma das maiores dinastias do ocidente, e cada não tinha seu próprio quarto?

Espera, isso melhora.

Sisi percebeu que Franz havia esperado sete meses para pedir algo que era seu direito conjugal. Ele passava todas as noites agora na pequena sala adjacente aos seus escritórios. A última vez que estiveram juntos como marido e mulher tinha sido em Budapeste. Quando eram felizes.

Não vou comentar o marido — quem todo tempo se mostra encantado com a Sissi — ficar sete meses sem estuprar a esposa e respeitar seu momento de dor com toda essa paciência. Do jeito que o Franz, até posso acreditar. Talvez, isso seja até um dado histórico. Contudo, um imperador passar as noites no quartinho do escritório? Por SETE meses num quartinho? Um grande imperador? Um Habsburgo? Um filhinho de mamãe? Espero que a Pataki estava falando a verdade aqui, porque essa situação do quarto do Franz me incomodou muito

A questão é que se o Grisham me diz algo de Direito eu acredito. Se o Chrichton me diz coisas de ciência, eu acredito. A Pataki já ficou aquém de me passar essa confiança quando começou sua introdução do livro com "the little-known and tumultuous love story of “Sisi”". A pouco conhecida vida amorosa tumultuada de Sissi. Pouco conhecida exceto por uma trilogia de filmes, recorde de vendas mundialmente, um balé, um musical de releitura que tem sido reapresentado agora por 21 anos, milhares de livros e até um desenho animado. Eu conheci a Sissi antes da Maria Antonieta.

Por falar nos filmes, a sensação que tive foi deste livro ter sido uma versão atualizada da trilogia. Já que atualmente não mais queremos apenas histórias felizinhas, a autora também atualizou a Sissi para uma heroína que nos frustra, mas com quem concordaremos quando o assunto for a supervilã e culpada de todos os males a Bruxa Má— digo, a Arquiduquesa Sophie. Exatamente como no filme, cada personagem tinha seu papel estático. Nem eu mais aguentava o Franz mencionar a mãe a todo momento...

Este é um livro que com certeza terá continuação. A Sissi viveu até quase o final do século XIX, enquanto o livro apenas introduz o segundo romance (este fictício até que as provas afirmem o contrário). Acredito que a segunda parte dará maior profundidade à história, pois do jeito como foi deixada, mais pareceu a Sissi revivendo o mesmo romance que teve com Franz. Exceto a mãe. Se bem que para a autora, a mãe era a culpada de tudo. Bastava a Sophie ter um treco e morrer no casamento do Franz que a Sissi teria sido a imperatriz mais feliz do mundo. Aliás, ela culpa a Sophie até por a Áustria haver perdidos as guerras contra a Alemanha e a Itália. Não sou fã da Sophie, mas ela estava ali cumprindo o papel dela, culpá-la é uma visão tão infantil que acredito estar mais certa a versão do musical — é culpa da Morte, que se apaixonou pela Sissi!

Não é porque não gostei da autora que provavelmente não lerei o próximo. Como disse, sou mais fã da vida jovem da Sissi. A pobrezinha teve que passar por sofrimento após sofrimento e até hoje é acusada de ser uma "pobre menina rica", e muitas vezes é o ponto que a Pataki acaba fazendo talvez nem intencionalmente — afinal, é tudo culpa da Sophie. Estou satisfeita com esse final e me agarrarei a ele mesmo. Quem não conhece a biografia da Sissi, a verdade é que este livro é mais apurado que encontrei, apesar dos pesares. Se você não conhecer, até posso recomendar a leitura. Se conhecer... talvez seja melhor esperar o segundo livro, que espero conter mais ficção que dados históricos. Ou ler a Wikipedia. Excetuando a primeira parte, achei maçante ter que ler a história da Sissi toda de novo por poucas páginas de ficção.


Avaliação:



Serviço 
Título Original: The Accidental Empress (tradução livre: A imperatriz acidental. Em Portugal: Imperatriz por Amor)
Editora: Howard Books
Ano: 2015
Número de Páginas: 512

3 comentários :

  1. Se eu conheço a Sissi *pessoa ignorante em história*, ela deve ser mais famosa que a Madonna. lol
    Até que o livro parece interessante, mas acho que vou ficar só no musical...

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    Respostas
    1. Vai assistir ao musical? :D Ou você tá falando do sobre o Rudolf? (ou melhor sobre a Marieee)

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    2. Mariiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiie. Oh Mariiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiie. Aquele sorrisinho junto com esse nome foi super inesquecível. XD

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