20 agosto 2015

{Resenha em Dupla} Cartas de Amor aos Mortos - Ava Dellaira


“Todos nós queremos ser alguém, mas temos medo de descobrir que não somos tão bons quanto todo mundo imagina que somos.”


 SOBRE O QUE É

Resumo oficial: Cartas de Amor aos Mortos - Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho. - (Skoob)

Leila: O livro conta a história de Laurel, uma menina que está prestes a começar o ensino médio, mas que, não bastando toda a pressão dessa mudança, precisa ainda lidar com a perda da irmã. Que morreu como? Ninguém sabe ninguém viu, a não ser a própria Laurel, e é em torno desse mistério que a história irá se desenrolar. Em seu primeiro dia de aula, em uma escola completamente diferente da qual a irmã frequentava, a professora de inglês de Laurel passa uma lição para toda a classe: escrever uma carta para alguém que já morreu. É dessa forma que a narrativa do livro é feita; Laurel escreve cartas para inúmeras personalidades, como Kurt Cobain, Amelia Earhart e Judy Garland, contando sua história e trazendo a tona fatos sobre a vida deles quando se faz necessário. 

Elza: A personagem principal é uma menina chamada Laurel que tem que escrever uma carta para uma pessoa morta por causa de um trabalho escolar. Ela curte e resolve continuar escrevendo para um monte de gente famosa que já morreu, falando sobre a própria vida. Laurel está passando por um mau momento porque a irmã morreu, a mãe mudou de cidade e ela ainda tem que lidar com a tia religiosa meio maluca. E tem um cara que ela gosta, claro. Sempre tem um cara.


VISÃO GERAL

Elza: Então... É complicado falar o que achei desse livro. Ele não é ruim, mas eu não gostei assim mesmo. Faz algum sentido? 

Leila: De um modo geral, eu acho que ele conseguiu ser "divertido", que nem Cidades de Papel. Mas ainda acho, sinceramente, que um livro com uma capa tão linda merecia uma história melhor. Esse tema foi abordada quatrocentas milhões de vezes e dessa vez o negócio foi tão meh que eu acabei esquecendo de classificar o bendito. Levei dois dias inteiros para ler, porque fazia parte da minha lista de livros pra Book-Tube-A-Ton que, diga-se de passagem, flopei justamente por causa desse livro. Essa beleza da literatura infanto-juvenil me deu uma bela de uma ressaca literária da qual eu estou PENANDO para sair. 

Elza: Vou colocar isso como uma razão para ler: dá para terminar em um dia. Não sei se ele causa efeitos adversos. Em mim só me deixou com vontade de ler algo de ficção científica. Onde os personagens são aliens, mas fazem bem mais sentido... Ah! Tenho que perguntar: Por que cartas de AMOR aos mortos? Faria mais sentido cartas de RECLAMAÇÃO aos mortos ou algo assim.

Leila: Também não entendi o porquê de cartas de AMOR se ela não fala de AMOR na beleza das cartas. Apenas conta a vida dela, as peripécias de uma menina desajustada que tem como desculpa para ser assim a clássica situação dos pais separados, com o bônus de “minha irmã morreu” (não vou contar como aqui logo de cara senão estraga a única coisa que faz você ler o livro até o final). 

Elza: Tenho que concordar com isso. O motivo pelo qual eu me esforcei para ler até o fim, e rápido, foi porque a garota não parava de insinuar um grande segredo sobre a noite em que a irmã morreu e eu fiquei "oh, de repente ela tem uma segunda personalidade psicopata e fez o Robert De Niro em O Amigo Oculto". Não consegui me envolver com o drama de Laurel quando ela se mostrava esse ser sem personalidade que fazia tudo que os amigos faziam ou mandavam ao mesmo tempo em tentava ser um clone da irmã. Sim, ela passou por muita coisa, mas a autora bem que podia tê-la feito amadurecer um pouco por isso. O problema é que ela estava ocupada tentando inserir no livro todos os problemas relacionados à negligência e abuso pelos quais garotas de quinze anos poderiam passar.

Leila: Para finalizar essa questão de bater na tecla do abuso, eu posso dizer que o tema da menina podia ser aquele do Guilherme Arantes? "Eu vivo sempre no mundo da luaaaaa". Digo por causa dos eventos de quando ela tinha 13 anos. Não consigo conceber a ideia de como é que ela pode ser tão anta. Gente, ela cresceu onde? No meio do mato? Ai do nada esfrega isso na cara de todo mundo nas últimas páginas do livro? E ainda usar isso como justificativa pra ser uma cabeça de vento e uma cópia xerocada da irmã? Ah pelo amor de Deus, né? Poupe-me. Dá nem para defender essa criatura. 

Elza: A garota idolatrar tanto a irmã a ponto de justificar certas coisas, realmente foi... difícil de engolir. Mas nem tudo foi horrível, não é? Você até tinha mencionado uma nota mais ou menos para o livro.


PONTOS POSITIVOS

Leila: Eu estou ainda em duvida se dou duas ou três estrelas pra essa coisa linda da vida que é esse livro (sqn), então vou me basear no que achei de positivo dele pra dar essa nota: primeiro de tudo, acho que a autora conseguiu colocar toda a carga de drama que podia existir na vida de um adolescente. Isso também é um ponto negativo, mas vou falar mais embaixo a parte ruim disso aqui; segundo, ela conseguiu abordar o tema da homossexualidade sem parecer um bicho de sete cabeças ao colocar um casal de meninas no grupo da protagonista que, coincidência ou não, é formado pelos alunos que não se encaixam dos grupos de patricinhas populares e por ai vai; terceiro, eu sou altamente romanticazinha abestada dessa vida de meu Deus. Então sim, minha terceira estrela se deve ao fato de ter o Sky nesse livro, que de longe parece ser o único personagem sensato e com cérebro do livro inteiro. Dito isso, passo a palavra à dona Elza. Vá lá, sua vez de caçar pontos positivos nesta lindeza de livro. 

Elza: Ah, é, o Sky. Isso mostra como nossos cérebros têm engrenagens que giram em direções contrárias, porque eu só lembro que ele existe quando você fala. Mas sobre os pontos positivos... Acho que tinha alguns sentimentos relevantes relacionados à depressão, embora eu jamais os associasse a um adolescente. Quero dizer, parecia mais o tipo de coisa que alguém reflete tempos depois de passar por aquilo e conclui por conseguir ver a situação de maneira imparcial. De qualquer maneira, foi um ponto positivo. E, sim, concordo sobre as amigas da Laurel. Engraçado como comecei o livro meio que detestando as duas, mas elas foram conquistando espaço e acabaram sendo um dos acertos da história. Achei a trama das duas bem mais relevante que a do roqueiro que ficava filosofando no beco.


PONTOS NEGATIVOS

Leila: Agora vamos à parte mais esperada (por mim pelo menos). Eu disse que abordar o drama adolescente era tanto um ponto positivo quanto um negativo, certo? Vamos lá ao porque de também ter encarado isso de forma negativa. Eu sei que adolescência é uma fase difícil da vida, a minha não foi das mais fáceis também, mas por favor, né? Você achar que tudo aquilo acontece ao mesmo tempo com a mesma pessoa é querer que ela tenha nascido banhada em azar. Sei também que o sobrenome de adolescente é drama, mas o dela foi além da conta. TUDO, absolutamente TUDO, o que podia dar errado durante a adolescência dela, deu. TUDO. Pais separados, irmã morta, tia religiosa demais, e todas as outras coisas que se eu colocar aqui seriam tidas como spoiler. Não dá para conceber tanto azar em uma pessoa só. Sorry. E a própria Laurel era um problema. Enquanto ela afirmava, insistentemente, que não queria ser uma cópia da irmã, tudo o que ela fazia levava para o lado contrário. Dai vem a desculpa da morte da irmã e separação dos pais e aquele ciclo sem fim que o livro não para de usar para justificar tudo o que a menina faz ou deixa de fazer. Resumindo? Fora os pontos positivos que eu citei acima, todo o resto do livro é passível de receber uma descarga.

Elza: Uau, essa foi forte. Eu nem achei que foi azar demais para uma pessoa só. Quer dizer, eu estou lendo esse livro sobre um cara que perde a mãe, o irmão e o pai em ocasiões diferentes, mais a esposa vítima de doença. E então ele se envolve em uma espécie de conspiração... O problema mesmo nem é tanto a quantidade de temas fortes que a autora jogou em cima de uma só pessoa quanto o fato de que ela não lidou bem com nenhum deles. Foi, para mim, um caso de quantidade atrapalhando a qualidade. Sobre a parte da garota ser supercontraditória, eu concordo plenamente. Ela se vestia como a irmã, ouvia as músicas que a irmã gostava, tentava ter a postura da irmã... enquanto dizia a si mesma que estava só tentando não esquece-la e se encontrar. Eu poderia até pensar em aceitar isso se não fosse por ela absorver tudo que os amigos gostavam também. Resumindo: Laurel é uma maria-vai-com-as-outras.

Leila: Ai mulher, tu consegue colocar de um jeito tão mais bonitinho e centrado. Não tem nem o que discutir, eu totalmente entendi a proposta da autora, coitada, mas concordo com você com a questão de que foi a quantidade de coisas que atrapalhou a qualidade da história. Tivesse ela escolhido apenas alguns temas para serem abordados, talvez o livro tivesse mais chance comigo e conseguisse até arrancar mais uma estrelinha. Porque, convenhamos, só a proposta do livro ser escrito em cartas já chamou minha atenção. Os assuntos das cartas e o modo como eles foram abordados foi que estragou tudo! 

Elza: Ah, é, as cartas... Isso também foi um problema, embora não tão incômodo. Mas falemos sério, você não ficou pensando em livros como Lady Susan e as Ligações Perigosas, daquela época em que escrever em formato de cartas estava na moda, e pensando que Cartas de Amor aos Mortos na verdade não tinha formato de cartas? Ok, vamos esquecer os clássicos e pensar naquele O Garoto da Casa ao Lado da Meg Cabot... As pessoas simplesmente não escrevem cartas com diálogos completos como se fosse um... livro!

Leila: SIM! Quando comprei esse livro lembrei no livro da Meg Cabot e pensei, inocentemente: "oh, vai que é tão legal quanto O Garoto da Casa ao Lado." Mas acabou que foi uma grande decepção isso sim. 

Elza: Mas como os mortos não iam responder, estava esperando mais algo parecido com aquele outro livro... aquele da garota que escrevia para Atticus Finch, como era mesmo o nome? 

Leila: Claros Sinais de Loucura. Dando três estrelas pra esse livro, fico me perguntando se não seria mais justo subir mais uma estrela na nota de Claros Sinais de Loucura, que é muito melhor. A menina é mais nova e consegue ter mais cabeça do que a Laurel e, drama por drama, o da protagonista de Claros Sinais de Loucura é muito pior. 

Elza: Eu acho que são dramas diferentes, mas também achei Claros Sinais de Loucura um livro mais coerente. Como último ponto negativo relevante, vou apontar os pais das garotas. Além de dar permissão para elas saírem (coisa que elas nem precisavam, já que viviam fugindo), os dois eram completamente negligentes. Honestamente, acho que no final das contas foi tudo culpa dos pais e eles deviam ter sofrido um pouco mais. Onde já se viu? Livros juvenis e seus pais inúteis. Vou começar uma campanha de emancipação de protagonistas de YA.

Leila: Apoio essa campanha completamente. Na verdade apoio até a criação de um selo para o blog. A gente colocaria na capa do livro: Selo YA de Emancipação. Ai as pessoas já seriam alertadas para pais incompetentes na história. Não tenho mais nada a comentar. 

Elza: Depois dessa, preciso de alguns minutos. Simplesmente não posso perder essa piada.


Leila: Selo mais que aprovado. Não tenho realmente mais nada a acrescentar.


ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

Leila: Tá com dinheiro sobrando? Tempo livre? Achou a capa bonita e não tem o que fazer? Vá comprar outro livro. Só daria esse livro de presente àquela pessoa especial que foi altamente cretina comigo em algum momento da vida dizendo: toma, lê, juro que vai ser a melhor leitura que você vai fazer na vida. 

Elza: Esse livro pode funcionar para algumas pessoas, que realmente gostem de drama adolescente e não sejam muito exigentes, mas eu tampouco recomendo. Há outras obras melhores que abordam o mesmo tema sem tentar enrolar o leitor na cara de pau. E o Sky nem preenche a quota de dorso. Ele está sempre desesperadoramente vestido. (Brinks)


AVALIAÇÃO

Leila:


Elza: 





Serviço
Título Original:
Love Letters to the Dead 
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Número de Páginas: 344

3 comentários :

  1. Vocês são ótimas! Normalmente a gente lê resenha para saber o que acharam dos livros, mas eu quase me senti no site do morri de sunga branca aqui. E apoio a campanha lançada! \o/ O resumo do livro já tinha me feito ir embora antes de tentar, o que sempre me atraía era o título, tão fofo e funesto... e pelo jeito ilusório. Marketing abusivo na autora, já que eu só leria pela parte de serem cartas de amor!

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    1. Ganhei meu dia com essa comparação. Seremos o Morri de Sunga Branca dos livros, então! XD Descontração é o que não vai faltar! :)

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    2. Quem sabe não conseguimos uma madrinha ou um padrinho à altura da Vieira pra nos representar, né? XD

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