10 agosto 2015

{Resenha} Joyland - Stephen King


“Aquele outono foi o mais bonito da minha vida. Mesmo quarenta anos depois, ainda posso dizer isso. E nunca fui tão infeliz, também posso dizer.”


Sobre o que é: O sexagenário Devin Jones narra os acontecimentos do ano em que era um universitário de vinte e um anos e viajou à Carolina do Norte em busca de um emprego de verão no parque de diversões Joyland. Sua intenção era apenas economizar algum dinheiro durante a estação, mas, ao ser dispensado pela namorada, decide estender o compromisso para o outono. Durante esse tempo, acaba se envolvendo com um garoto desenganado com um dom especial e também com a investigação de um antigo assassinato que aconteceu na Casa dos Horrores.


O que esperar: Uma história do tipo “coming-to-age”, com uma grande parcela de nostalgia. O cenário do parque é maravilhoso e descrito em detalhes, levando o leitor a uma época anterior aos hoje indispensáveis computadores, telefones celulares, entre outras maravilhas tecnológicas; quando “vender diversão”, como os funcionários de Joyland se referem ao que fazem, era uma tarefa mais simples.

Devin, o protagonista, tem sua visão de mundo modificada pelas experiências daqueles meses de trabalho em um ambiente todo único e distante de tudo que ele conhece – em especial de Wendy, a garota que quebrou seu coração. Pouco a pouco ele aprende a se desapegar da versão idealizada que tem dela e seguir em frente.

Quanto ao fundo de mistério e sobrenatural, isso é tudo que ele é: uma história no plano de fundo. Ela tem seu espaço e um bom desfecho, mas não é o mais importante aqui. Devin narra os acontecimentos como alguém que acredita no fantasma do parque, mas não tendo nenhum tipo de dom psíquico, acaba sendo um narrador de segunda mão. Ao contrário de livros como O Iluminado e Carrie, que eram histórias de horror embaladas por drama, Joyland é justamente o contrário: um drama com um toque de mistério sobrenatural.


Opinião: Essa nova fase do Stephen King, escrevendo livros mais focados nos personagens e seus dramas que no lado sobrenatural, tem desagradado alguns fãs mais hardcore de suas obras antigas, mas, pessoalmente, tenho achado que tem gerado alguns livros fenomenais, a exemplo de Doutor Sono e Novembro de 1963.

Joyland pode não ser o melhor livro do King – e mais se assemelha a um conto que se estendeu demais, como aqueles vinculados na coletânea Quatro Estações, que a um romance propriamente dito –, mas com certeza é um dos mais emocionantes. Imagino que toque especialmente as pessoas mais maduras, que se identificarão com o Devin de sessenta anos e a forma ao mesmo tempo maravilhada e exasperada com a qual ele relembra as atitudes de seu eu de vinte e um anos. 

Os personagens Mike e Annie Ross, o menino na cadeira de rodas e sua mãe, também trazem sua própria parcela de emoção. Sempre fico impressionada como esse autor consegue compor personagens extremamente reais mesmo quando eles aparecem pouco em cena. Difícil não ficar apreensivo por cada um deles quando o texto dá pistas de que alguma coisa ruim está prestes a acontecer.

Quanto ao final, que lida com o crime ocorrido no parque anos antes, foi coerente com o que foi apresentado até então. Não recomendo, porém, que se inicie a leitura desse livro esperando por uma história policial. Nem mesmo quando lida com o mistério ela poderia ser descrita assim.

Minha única reclamação é que os agradecimentos finais do autor foram tão breves... Estou mal acostumada e estava esperando um texto completo sobre como a ideia do livro se desenvolveu. Se o senhor aprender português e passar por aqui, Sr. King, que fique anotada minha reclamação. :P


Avaliação:



Book Trailer:

Não sou de colocar book trailers, mas esse tem uma musiquinha tão engraçada e me deu um susto tão grande no final que resolvi compartilhar só para ser cretina.



Citações:
“Este é um mundo muito conturbado, cheio de guerras, crueldade e tragédias sem sentido. Cada ser humano que o habita recebe sua porção de infelicidade e noites insones. Aqueles de vocês que ainda não passaram por isso passarão um dia. Considerando esses fatos tristes, porém inegáveis, da condição humana, vocês receberam um presente valiosíssimo este verão: estão aqui para vender diversão. Em troca dos dólares suados dos clientes, vão distribuir felicidade.”

“Só posso dizer o que você já sabe: alguns dias são preciosos. Não muitos, mas acho que em quase toda vida há alguns. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. Às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. Às vezes, são preciosos.”

“Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.”


Serviço 
Título Original: Joyland
Editora: Suma de Letras
Ano: 2015
Número de Páginas: 240

4 comentários :

  1. Meu, mas que inferno de book trailer amaldiçoado! Nunca xinguei tanto na vida. #PQP Maldita! XDDDDDDDDDDD

    ResponderExcluir
  2. Ainda não vi o trailer, mas sempre que te vejo falar do King penso em como eu realmente preciso me apressar e começar logo o livro dele!
    Vi o trailer... sua cretina! XD
    Pior é que eu não ia ver o fim e ia ficar sem entender quando voltei ao seu comentário pra saber por que diabos você indicaria, rs. Não, não levei susto porque a essa altura se não tivesse nada ali eu ficaria irada. XDDD

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
© Grumpy Readers - 2012. Todos os direitos reservados.
Criado por: Leila, Elza e Anita.
Tecnologia do Blogger.