13 agosto 2015

{Resenha} Métrica (Métrica #1) - Colleen Hoover


Após a perda inesperada do pai, Layken, de 18 anos, é obrigada a ser o suporte tanto da mãe quanto do irmão mais novo. Por fora, ela parece resiliente e tenaz; por dentro, entretanto, está perdendo as esperanças. Um rapaz transforma tudo isso: o vizinho de 21 anos, que se identifica com a realidade de Layken e parece entendê-la como ninguém. A atração entre os dois é inevitável, mas talvez o destino não esteja pronto para aceitar esse amor (retirado do Skoob).


Estranhamente, o Goodreads tinha esse livro marcado como New Adult. Não é. Não é nem que fique no meio do caminho, ele é um Young Adult. Não há a menor dúvida. Nem a menor cena de sexo.

Este é o romance de estreia da Hoover, algo que achei difícil de acreditar de tanto que andei ouvindo falar dela nos últimos tempos. Tinha quase certeza de que ela estaria por aí há mais tempo. Ademais, não senti no livro aquele "cheiro de autor YA novato". Também não conheço a história dela para um romance de estreia querer dizer autor novato...

Isto não quer dizer que seja um livro bem escrito. Senti que ela perdeu o controle sobre a Layken algumas vezes e algumas cenas ficaram com um andamento estranho. Um exemplo foram duas visitas da amiga que de Layken, Eddie (sim, é uma menina). Leu forçado. É um detalhezinho mínimo, mas não há como negá-lo.

Enfim, eu o peguei depois de ficar na vontade com Even when you lie to me. Minha intenção era encontrar uma abordagem um pouco menos juvenil e, sinceramente, eu me dei mal. Os dois foram estreias e a de Even when you lie to me está bastante aquém na técnica de escrita quando comparada à Hoover. Ao mesmo tempo, sabe aquele sentimento que a escrita, o storytelling te dá? Não senti isso em Métrica em cena nenhuma.

Métrica foi um livro que teria passado em branco para mim não fossem as apresentações e os poemas — embora muitos eu tenha acabado pulando após as primeiras estrofes também. As três estrelas vão para esse adicional do livro, por apresentar o slam — apresentações de poemas próprias feitos quase num ambiente parecido de um bar karaokê ou até de stand-up comedy, só que com poesia — e fazer ótimas descrições das performances.

Li algumas resenhas criticando a Layken por não ser madura o suficiente. Já isso não repetirei aqui. Não a achei imatura. Ela acaba de fazer dezoito anos, o pai morreu, tem que se mudar, ela descobre um grande segreda mãe, sente-se traída por isso, e o cara que ela conhece na nova cidade acontece de poucos dias depois do encontro perfeito ser seu professor e querer agir como se nem se conhecessem. É muita coisa acontecendo para uma menina não estourar de vez em quando (ou muito). Ademais, a ligação que ela tem com o irmão mais novo é ainda mais bonita que a do Will com o irmãozinho dele, na minha opinião. Agora, dizer que houve um desenvolvimento de quem ela era no início em comparação com o final, já acho que seria defender demais. Acho que a Layken é a mesma do início ao fim, sempre presumindo coisas, reagindo em excesso...

Algo que notei e que contribuiu muito para eu não me identificar com o casal foi um erro da própria autora. Eles são vizinhos, encontram-se quando a Layken acaba de se mudar e há uma atração mútua logo de início. Não é paixão, muito menos amor. Will se encantou com a forma como a Layken estava dirigindo um grande veículo de mudanças e depois ainda como ela tratava o irmão mais novo e o próprio irmãozinho dele, brincando de zumbi com os dois. A Layken se encantou com como o Will tinha boa aparência. Foi simples assim. Até aí estava bem. Eles se veem de novo quando Will se oferece para entrar no carro dela e guiá-la até a mercearia. Ela descobre gostos musicais parecidos e Will ainda flerta abertamente. Okay, eu entendo eles se aproximarem e saírem num encontro. Um encontro quase de sonhos para a personalidade da Layken.

Uma semana depois, eles descobrem ser aluna e professor e por isso Will -considera- pedir demissão? Layken sofre como se o mundo dela acabou porque eles não podem ficar juntos? E nem era para sempre, considerando que Layken teria apenas mais um ano como aluna do Will. Um ano. Não é o ensino médio inteiro...

Sim, uma semana pode ser o bastante para uma paixão tão avassaladora, mas... Dona Hoover, acho que você pulou alguma cena de paixão avassaladora. E isso tornou todo o dilema em que o livro se apoia ridículo.

Outro ponto, alguém pode por favor dizer que tem algo errado com esses meninos? Vi muitos criticando o comportamento do irmão mais novo da Layken, mas acho mais preocupante o do Will e que o da Layken acaba influenciado. Os dois falam constantemente sobre morte, constroem um boneco de neve morto por atropelamento e se fantasiam de câncer no pulmão. Não acho certa a atitude de querer proibir a fantasia, por exemplo, mas alguém não deveria... aconselhá-los melhor? Ou dizer: olha, já falei com um terapeuta e é só uma fase! Mas não... eles dizem: meu irmão viu os pais morrerem na frente dele enquanto ele não pôde fazer nada, pois estava preso pelo cinto. Até eu precisei de terapia depois de ler...

Esta é minha análise resmungona, mas é porque a Colleen mereceu uma avaliação mais rigorosa. Ela está um degrau acima de muitos YA's. Não sei se o estilo açucarado dela me faria arriscar mais livros. Sei apenas que não pretendo ler os demais desta série, porque a história ficou completa aqui. Não senti nenhuma ponta solta que justificasse continuações. Ainda assim, a Colleen merece a atenção que vem ganhando, isso pude sentir. A sensação que ela me passa até me lembra a Sarah Dessen, então se você gostar da Dessen, deve ter chances de gostar da Colleen. Ela consegue descrever cenas muito bonitas e montar personagens divertidos. O universo de Métrica não se resumiu ao Will e à Layken. A Layken tem a amiga Eddie, que desde nova vem passando de família adotiva em família adotiva, mas agora enfim encontrou um bom pai e um namorado que obviamente a ama, além de amigos, como a própria Layken. Temos a história da mãe da Layken e seu segredo por medo da reação da filha, que acaba de perder o pai. Ainda maior que isso, temos o slam. Pode não ser uma autora para mim, mas eu a respeito.

Quase um pós-escrito: circulando os blogs por aí descobri haverem traduzido um livro com enredo muito parecido, mas supostamente com uma história que te faz se importar mais com os personagens. Considero lê-lo no futuro, mas se quiserem, ele se chama Sr. Daniels, da Brittainy C. Cherry. E também é lançado pela Record. ;)


Avaliação:



Serviço 
Título Original: Slammed
Editora: Galera Record
Ano: 2013
Número de Páginas: 304

4 comentários :

  1. Eu ia falar que parece interessante, mas a verdade é que é o contrário do meu tipo de livro. XD Tenho um livro dessa autora, devo arriscar?

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  2. Estou louca para ler algo dela porque ela vai vir na Bienal do Rio e só vejo elogios para ela. Realmente quando no primeiro dia já surge um romance do tipo "não sei viver sem fulano" é bem ruim e ainda mais e o personagem não amadurece durante a leitura. Espero que os outros livros dela sejam melhores HSUAHUS
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

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    Respostas
    1. É verdade! Ela é uma das que vão vir, tinha esquecido!

      Ela é muito melhor que a maioria das autoras do gênero, isso eu assino embaixo. Então, acredito que seja alta a possibilidade dos outros livros dela serem melhores. Mas sim, eu ria um pouco com o exagero que eles faziam para um problema que se resolveria assim que a menina se formasse do colégio. Mas os poemas valeram bastante, mesmo se a história principal ficou um pouco furada.

      Beijos,
      Anita

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