28 agosto 2015

{Resenha} Enquanto houver estrelas no céu - Kristin Harmel

– Sim, eu sou judia – diz ela. – Mas eu também sou católica. – Ela faz uma pausa e acrescenta: – E muçulmana também.
Resumo: Aos trinta e seis anos, Hope McKenna-Smith está acostumada com más notícias. Ela perdeu a mãe para o câncer, seu marido a deixou por uma mulher mais nova, e sua conta bancária está quase no fim. Seu sonho de se tornar uma advogada há muito se foi.

Agora, sua querida avó nascida na França, Mamie, que encantou a cidade com suas fabulosas tortas por mais de 50 anos, se afasta cada vez mais devido o Alzheimer. Em um raro momento de clareza, Mamie se recorda do passado e dos segredos que escondeu por tantos anos. Ela revela trechos de uma misteriosa história trágica em Paris. Com uma lista de nomes, Hope parte para a França para descobrir o segredo que envolve sua avó.

Para Hope esta será também uma viagem de descobertas: de tradições religiosas há muito esquecidas, de histórias vividas numa Paris ocupada pela guerra e onde o amor ainda sobrevive e, sobretudo, sobre sua capacidade de recomeçar e acreditar em si mesma. - (Skoob)



Em meio a uma crise financeira na loja que vem estado por duas gerações desde que sua avó a fundou, logo após vir da Europa, fugida da guerra. Com a piora na sua saúde, devido ao Alzheimer, ela confia a Hope uma missão que a fará desvendar segredos que nunca imaginou existirem.

Para isso, ela tem uma lista com vários nomes de pessoas nascidas muitos anos atrás, que sua avó diz serem a família dela, apesar de o sobrenome ser diferente. Um sobrenome judeu de vítimas, Hope nota pela internet, do holocausto.

O livro é narrado do ponto de vista da Hope, com rápidas passagens sob o ponto de vista da avó dela. Elas são úteis apenas para aumentar o mistério sobre o que aconteceu e não para elucidar, mas são muito bonitas e tristes, tendo em mente a doença de que ela sofre.

Apesar de ser um livro de drama, o clima de mistério acompanha por boa parte do livro. Muitos a Hope logo dos Estados Unidos já sabe estarem mortos, mas há registros faltando e ela devia isso à avó encontrar provas de que seus entes queridos haviam mesmo morrido. Ademais, enquanto está no mundo de fantasias, sua avó se refere a ainda outro nome, de uma filha, uma suposta tia de que Hope nunca ouvira falar.

Ao longo da história, a Hope precisa lidar inclusive com as cicatrizes de seu passado, por ter tido que desistir de seus planos para casar e também por ter sido criada por uma mãe emocionalmente frígida. Descobrir sobre a avó faz com que ela aprenda mais sobre si própria e entenda esses eventos. 

Confesso que quando começou a falar sobre herança judia, Deus, eu torci um pouco o nariz. Não sou fã de livros sobre religião. Ao menos não sobre religião específica. Devo, na verdade, adiantar que este livro aborda muito a crença em Deus independente da religião. Se você se incomoda com esse tema, talvez seja melhor evitar ler. Sobre religiões distintas, não creio que será o problema. Não foi para mim.

Na verdade, a proposta é justamente algo sobre como a fé também pode unir as pessoas, embora os tempos de hoje façam parecer que ela separe. É em termos gerais o que Hope começa a aprender.

Como podem ver, eu gostei. Passado um tempo de ter lido, aprendi a apreciar até um pouco mais a história. Entretanto, tenho uma crítica. Os acontecimentos ficaram muito encaixados. Por mais que tentemos suspender o senso crítico em se tratando de ficção, tudo era muito conveniente. Até o inconveniente era conveniente demais. Eu não preciso já ter ido a Paris, por exemplo, para saber que nem todos os velhinhos que encontrar lá falarão inglês. No Brasil, então, nenhum falaria. Na França, até os que soubessem seriam bem mais relutantes. Mas todos que a Hope encontrava, exceto um, falavam muito bem apesar do sotaque. esse é um exemplo gritante. Outro detalhe que me incomodou foi a filha da Hope. Ela tinha a mania irritante de dizer "tanto faz" a tudo, isto é expresso no livro como proposital. Contudo, houve exagero, tornando a voz de adolescente dela pouco crível. Além de irritar até o leitor.

Para quem gosta de romance, como eu, este não é bem o livro para isso. Há muito assunto sobre romance, é um livro com bastante açúcar, bem fiel ao título original — a doçura do esquecimento. Entretanto, o romance mesmo é posto em talvez terceiro plano.

Em suma, minha avaliação é mais para 3,5 e eu até considerei baixar para 3, especialmente pelo excesso de acontecimentos convenientes de que falei antes, o final então parecia até novela; sem contar que não me envolvi tanto assim com o destino da Hope. A avó dela parecia um personagem mais interessante, mas nem tão mais assim. Os personagens foram mornos demais, na minha opinião. Entretanto, a lição que fica fez o livro crescer para mim, e essa era a real proposta da autora. Posso até dizer que aprendi um bocado com a situação dos judeus em Paris. Adicionalmente, havia cenas muito bonitas. Ficou gravada na minha mente uma logo ao início em que a avó joga pedaços de pão na água enquanto ora, logo antes de ela passar a lista para Hope.

Aconselho um pouco de paciência, mas se você gosta de histórias bonitas, do tipo de aquecer o coração, esta pode ser uma boa pedida. Não irá te pegar de jeito, mas cativa.


Avaliação:





Serviço
Título Original:
The Sweetness of Forgetting
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Número de Páginas: 368

2 comentários :

  1. Ooi Anita, tudo bom??
    Não estou na época certa para ler drama, no começa da resenha já pensei "o livro não é para mim" e ainda mais por envolver religião, ainda bem que você conseguiu ir aceitando o livro e desfrutando da leitura
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem razão, eu tenho tenho isso de ter época para ler drama, rs. Eu quase o larguei quando começou com coisa de herança judaica, como comentei na resenha, mas ao menos nisso o livro me surpreendeu falando sobre união de religiões. Já no drama, não acho que o mistério da família dela tenha equilibrado muito, ele é bem no gênero de drama mesmo.

      Beijos!

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