17 setembro 2015

{Resenha} Amor Fora do Ar - Jessica Park

– É muito bom conhecer você, Pôster do Finn. Pensei que você estava viajando.
Celeste torceu o nariz.
– Finn é o único que está viajando. Agora ele é voluntário em uma reserva de caça para animais resgatados. Este é o Pôster do Finn. Ele é uma representação simbólica de meu irmão.
Resumo oficial: Ele era alto, pelo menos 1,80, com cabelos loiros sujos que pendiam sobre os olhos. Sua camiseta dizia “Nietzsche é o meu garoto”.
Então, esse era Matt. De quem Julie Seagle gosta. Muito. Mas há também Finn. Que ela ama.
Complicado? Estranho? Completamente.
Mas, realmente, como esta recém-transferida estudante de Boston e caloura da faculdade deveria saber que ela acabaria vivendo com a família de uma velha amiga de sua mãe? Isso tudo deveria ser temporário. Não estava previsto Julie ser tão importante para os Watkins, nem se apaixonar pelos irmãos Matt e Finn. Especialmente Finn, que ela nunca viu pessoalmente. Mas isso realmente importa? Finn a entende como ninguém nunca o fez antes. Eles têm uma conexão.
Mas esse é o caminho do amor, em todas as suas estranhas mudanças, ele sempre coloca algumas curvas. E ninguém escapa ileso. - Skoob



A Julie começa muito mal a vida universitária por que tanto ansiava: havia sido vítima de um estelionato e agora se encontrava sozinha em um bairro nada simpático de uma cidade desconhecida às vésperas de seu primeiro dia na faculdade. Seu único contato por ali e sua salvação é uma velha amiga de sua mãe, quem a acolhe temporariamente junto a uma família curiosa. O marido, ela e o filho do meio são inteligentíssimos, a filha mais nova, embora também demonstre igual capacidade, age aquém de sua idade, demandando cuidados constantes por parte do irmão do meio, Matt, bem como de um boneco de papelão em tamanho real, seu irmão mais velho, Finn.

Para a surpresa de todos, Julie encaixa-se bem nessa dinâmica estranha e conquista a amizade de todos. Inclusive a de Finn, que na verdade parece estar viajando por todas as partes do mundo, mas se comunica até mesmo com Julie através do Facebook. E é ele, o mais extrovertido e aventureiro de todos, quem a ajuda a desvendar os mistérios daquela família "fora do ar". Mas a ponto de ela se apaixonar por quem nunca viu?

O resumo dá a entender um triângulo mais bem equilibrado, como se a Julie realmente ficasse indecisa entre Matt e Finn. Na verdade, ela se apaixona por Finn e se torna grande amiga do Matt, o irmão que precisou assumir toda a responsabilidade da casa com os pais – e o irmão mais velho – constantemente fora. Julie nota que sua presença é importante para tirar-lhe um pouco desse peso, enquanto ela própria tenta devolver um pouco da ajuda que eles lhe ofereceram. E é pela amizade por Matt que ela começa a ter sentimentos confusos por ele, mas isso é bem tímido e talvez até uma resposta à intangibilidade de Finn. Diferente deste, o Matt está bem ali.

A própria Julie também tem problemas que ela própria precisa lidar, como sua relação com o pai distante, quem frequentemente cancela todas suas promessas, e suas fobias. Toda a história é ainda embalada por conversas sobre psicologia em uma das aulas de Julie, quando ela busca conselho de seu professor sobre o que poderia estar ocorrendo àquela família.

Sim, é uma espécie de romance, mas, diferente da maioria dos YA's, o foco de boa parte do livro não é esse. E nem mesmo é o interessante da história. O título em inglês é um pouco mais divertido, Flat-Out Love, que brinca um pouco com o amor dela por Finn – quando ela só o conhece através de um boneco de papelão.

Minha grande paixão por esta história foi a família Watkins. O mistério de o que poderia ter acontecido me carregou pelo grosso do enredo, claro, mas os próprios personagens, do desajustado Matt, à dulcíssima Celeste, até mesmo aos pais, eu confesso ter me apaixonado por cada um. Inclusive pelo Finn de papelão.

Queria ainda destacar os status de cada um no Facebook. Em geral, eles não significavam muito para a história em si, só representando aquele momento mesmo, mas foram muito bem pensados pela autora. Eu ansiava por cada atualização.

Julie Seagle Descobriu uma significante lacuna na base de conhecimento do sabe-tudo. Vai comemorar a encantadora notícia com uma Coolatta. 

Defeitos? Eu impliquei mais com relação à Julie. Ela era sim uma personagem legal, mas quando a autora queria dar um problema a ela... eu me sentia perder contato, a identificação ia por água abaixo, por mais sério que fosse o problema. Achei grande parte das reações dela exageradas quando lidava com questões.

Também não acreditei muito na parte da psicologia. Achei até que foi uma inserção supérflua; o que veio da boca do professor, a Julie poderia ter notado sozinha. Parecia mais que a autora tinha acabado de fazer um cursinho de férias e decidiu adicionar que coisinhas legais tinha aprendido. O único lado positivo foi que ela reconheceu o complexo de Pollyanna da Julie, essa parte foi um alívio para mim. Já estava preocupada que uma menina de 18 anos realmente deveria ser a grande salvadora da família. Não direi se ela ajudou ou não, vocês terão que ler para isso.

Infelizmente, esse complexo é dos poucos defeitos reconhecidos. A Julie em si não precisa lidar muito consigo própria e, por isso, não vi crescimento da personagem ao final. Também não achei muito correto como ela criticava aquela família e a autora nunca reconheceu que ser anormal também pode ser certo. Compreendi que a forma como estava tudo era disfuncional e sobrecarregava principalmente o Matt, mas o final feliz precisa ser de pais que irão se responsabilizar pela família, um rapaz que se socialize mais, uma adolescente que não aja como uma criança? E o final feliz para o livro parecia depender de a Julie conseguir fazer isso. Faltou uma postura mais crítica da autora sobre isso; e ela fez um trabalho tão bom em construir essa família perfeitamente estranha que foi uma pena não ter dado um passo a mais.

Somando tudo, as críticas tornam um livro com um grau de maturidade menor do que poderia ter – poderia nem ser um YA! –, mas não tiram todo seu sabor. É um dos livros de que mais gostei este ano. Enredo criativo, tema instigante e um desenvolvimento razoável com bons personagens. Não direi que chega ao nível da Meg Cabot, mas é um dos que mais se aproximaram entre os que li. Caso sejam fãs dela, pode ser uma boa leitura.


Avaliação:



Serviço
Título Original:
Flat-Out Love
Editora: Pandorga
Ano: 2015
Número de Páginas: 368

4 comentários :

  1. Oie
    Não conhecia o livro, mas sua resenha deu uma boa visão do contexto e da trama da história, achei bem legal e fiquei com vontade de ler e conhecer o livro.
    Ótima resenha.

    Beijos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  2. Ooi, tudo bom??
    Fiquei super curiosa para ler, é ruim quando um personagem que poderia ter sido tão bem explorado acaba não evoluindo. Mesmo assim a família parece ser bem divertida e gostei de como o romance aparece,
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

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    Respostas
    1. Olá! A personagem podia ter sido melhor, mas não está entre as piores protagonistas de que já li e com certeza o resto do livro compensou!
      beijos,
      Anita

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