10 setembro 2015

{Resenha} Intrusos - Dean R. Koontz


Não olhe para trás. Alguém perigoso pode estar seguindo seus passos, vigiando você...
Pode ser um homem normal compelido a cometer um gesto desesperado...
Pode ser um adorável cachorro vira-latas que não é o que parece...
Pode ser um assassino profissional, acostumado a inflingir as maiores atrocidades...
Pode ser uma linda mulher com um passado de crimes e violência...
Pode ser uma criatura estranha, resultado de um desvio genético...
De um lado estão as vítimas inocentes. Do outro, os intrusos.

Sobre o que é: Dois animais, resultado de experiências com fins militares, fogem repentinamente de um laboratório do governo, iniciando uma caçada que envolve agentes da segurança nacional e um assassino da máfia com delírios psicóticos, disposto a lucrar com a situação. O primeiro animal, um cachorro com inteligência excepcional e entendimento equivalente ao de um ser humano, encontra um homem e uma mulher solitários, mudando suas vidas e inspirando uma lealdade que os leva a fazer qualquer coisa para protegê-lo. O segundo, uma criatura monstruosa, tem como objetivo pessoal matar o cachorro, mesmo que para isso tenha que deixar um rastro de morte em seu caminho.


O que esperar: O livro é escrito no ponto de vista de quatro núcleos que, alguns mais cedo, outros mais tarde, eventualmente colidem: Travis Cornell, um militar reformado solitário, com um passado cheio de tragédias pessoais, encontra o cachorro, o leva para casa e o nomeia Einstein, dando início a uma amizade cheia dos momentos mais encantadores; Nora Devon, uma mulher que apenas aos trinta anos tem uma chance de começar a viver, após a morte da tia dominadora que a criou, mas que antes precisa lidar com um perseguidor; um grupo de agentes da Segurança Nacional, liderados por Lemuel Johnson, um homem de boa índole, mas escravo do trabalho, que precisa recuperar o cachorro e livrar-se do monstro a todo custo; por último, Vince Nasco, um assassino contratado da máfia com delírios megalomaníacos sobre imortalidade, que também está em busca do cachorro, mas, no seu caso, com a intenção de vender o segredo sobre o projeto pelo preço mais alto.

Travis e Nora acabam se encontrando e se apaixonando, com a ajuda de Einstein. Gratos e maravilhados com a inteligência do cachorro, eles fazem de tudo para protegê-lo daqueles tentando leva-lo de volta ao laboratório e, ainda mais importante, do monstro.


Opinião: Se eu tivesse que fazer um gráfico de tensão nesse livro, seria algo parecido com isso:


Não me entendam mal, é um livro excelente. Os personagens são bem executados e o enredo é maravilhoso. A discussão sobre os limites da ciência e as implicações éticas de se criar um ser inteligente para mantê-lo preso e controla-lo também é um dos grandes pontos positivos. O maior atrativo, porém, é Einstein, o cachorro. O personagem rouba todas as cenas em que aparece e confesso que me apeguei tanto a ele como se fosse real. Até mesmo economizei o livro durante a maior parte do mês por medo do autor resolver escrever um final trágico. Vocês vão me julgar se eu disser que estava mais preocupada com o cachorro do que com os humanos, mesmo sabendo que eles estavam em tanto ou mais perigo que o animal? Bem, ele era tão inteligente e lúcido quanto um humano... Até aprendeu a ler! Não conta como um animal de verdade, conta? Ah, esqueçam, eu sempre fico preocupada por causa do cachorro. Aqui a preocupação só foi multiplicada por mil.

Explicando o gráfico, algumas partes do livro são cheias de tensão, com acontecimentos em ritmo frenético (mas não a ponto de serem apressados demais) e eu não conseguia parar de virar as páginas. Quando tais momentos passam, porém, o enredo parte para esses longos trechos de calmaria, em que coisas acontecem, mas o ritmo diminui, como a maré depois da tempestade.

Isso não é particularmente ruim. Foi importante que o autor se demorasse no desenvolvimento do relacionamento de Travis e Nora, por exemplo, ou não nos importaríamos tanto com eles quando estivessem em risco. Apesar disso, confesso que, mesmo sendo lembrada repetidamente do perigo iminente representado pelo monstro, faltou a sensação de uma ameaça inevitável pairando, o tipo de sensação que impulsiona o leitor a buscar pelo clímax.

Quando o livro aborda os pontos de vista de Lemuel e, principalmente, Vince, o autor é ainda menos feliz. Os agentes da Segurança Nacional protagonizam alguns momentos interessantes – aponto em especial uma cena em que eles têm que correr contra o tempo para alcançar um advogado e impedi-lo de fazer certo telefonema... –, mas não consegui vê-los como verdadeiros antagonistas. O caso de Vince, o assassino profissional, é ainda pior; suas cenas se tornam maçantes e previsíveis à medida que o final se aproxima. Entre todas as ameaças ao cachorro, simpatizei mais com o monstro. Ele é descrito como uma criatura inteligente, tanto quanto Einstein, que nunca foi tratada com a mesma deferência por causa de sua aparência bizarra, o que cria nele um enorme ressentimento e o desejo incontrolável de destruir o companheiro de quatro patas. Fiquei um pouco decepcionada que esse lado, do intelecto da criatura, não tenha sido mais explorada. 

O final de Intrusos é satisfatório, pelo menos em minha opinião. Achei que o livro poderia ter sido mais bem executado, mas recomendo entusiasticamente por seus personagens cativantes e discussões relevantes. Com certeza lerei outros livros do autor.


Avaliação:



Serviço
Título Original: Watchers
Editora: Record
Ano: 1987
Número de Páginas: 368

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