05 setembro 2015

{Resenha em Dupla} Fangirl - Rainbow Rowell


A vida real era algo que acontecia em sua visão periférica.

SOBRE O QUE É

Resumo oficial: Cath é fã da série de livros Simon Snow. Ok. Todo mundo é fã de Simon Snow, mas para Cath, ser fã é sua vida – e ela é realmente boa nisso. Vive lendo e relendo a série; está sempre antenada aos fóruns; escreve uma fanfic de sucesso; e até se veste igual aos personagens na estreia de cada filme. Diferente de sua irmã gêmea, Wren, que ao crescer deixou o fandom de lado, Cath simplesmente não consegue se desapegar. Ela não quer isso. Em sua fanfiction, um verdadeiro refúgio, Cath sempre sabe exatamente o que dizer, e pode escrever um romance muito mais intenso do que qualquer coisa que já experimentou na vida real. Mas agora que as duas estão indo para a faculdade, e Wren diz que não a quer como companheira de quarto, Cath se vê sozinha e completamente fora de sua zona de conforto. Uma nova realidade pode parecer assustadora para uma garota demasiadamente tímida. Mas ela terá de decidir se finalmente está preparada para abrir seu coração para novas pessoas e novas experiências. Será que Cath está pronta para começar a viver sua própria vida? Escrever suas próprias histórias? - (Skoob)

Elza: Cath é uma garota cheia de neuras que escreve fanfic para se esquecer dos problemas – e evitar sair de casa, já que também é tímida e introvertida. Um dia ela vai para a universidade e tem que decidir se quer passar a vida escrevendo fanfic ou vai partir para algo que ela possa vender sem ser presa. Ah, é, e ela tem uma irmã gêmea.


VISÃO GERAL

Anita: O livro é contado em terceira pessoa com trechos intercalados tanto do livro fictício do Simon Snow quanto das fanfictions que Cath escreve. Para quem não sabe o que é fanfiction ou fanfic, compre uma passagem de volta a Terra. Okay, eu explico: você entra na wikipedia e procura. Certo, sem brincadeira agora – e porque não quero perdê-lo enquanto você se distrai na Wiki. Fanfics são histórias criadas por fãs, simplificando bastante. Claro que você não precisa entrar para um fã clube para escrever uma fanfic, mas elas em geral são trabalhos gratuitos ultimamente publicados pela internet. E a Cath, a principal, é fã de uma série fictícia chamada Simon Snow, um paralelo com Harry Potter. Ela agora está começando a faculdade e precisa enfrentar alguns choques com a realidade, como mudar-se para um dormitório; ter que lidar com uma vida afastada de sua irmã gêmea de quem sempre fora próxima; ficar longe do pai que é fonte constante de preocupação por sofrer de transtorno bipolar e agora ainda tem um garoto por quem ela começa a se apaixonar. Para piorar, a professora de redação dela não parece ser muito fã de fanfics.

Elza: O que quer dizer que a irmã não quis dividir o dormitório com ela, porque acha que a faculdade é uma época para se viver novas experiências, e Cath ganha uma companheira de quarto festeira com a qual não estava contando. O tal garoto é amigo da mesma e está sempre no dormitório, enchendo a paciência de Cath quando tudo o que ela quer na vida é ficar na frente do computador escrevendo o fanfic.

Anita: Na verdade, a Cath não conversa muito com a companheira de quarto – Reagan – e, mesmo quando começa a se apaixonar pelo garoto, ainda tem o problema de ele ser o namorado da Reagan. E esta nem parece gostar muito da Cath e seus problemas de socialização. 

Elza: Mas antes disso ela vai conhecer outro garoto, Nick – Dois garotos! Nada mal para a reclusa Cath –, com quem passará horas escrevendo na biblioteca, já que ele também está na aula avançada de Escrita Criativa na qual ela consegue se encaixar. Também tem o drama com o retorno da mãe que abandonou a ela e à irmã gêmea quando eram crianças pequenas. A irmã se mostra aberta a dialogar com a mulher e a seguir em frente com a vida, enquanto Cath continua presa no quarto com seus fantasmas.


PONTOS POSITIVOS

Anita: Eu escolhi esse livro porque era sobre fanfic. E, espantem-se, sobre fanfic slash, ou seja, romance entre personagens masculinos. Falando em termos de Harry Potter – que é o paralelo inevitável – a Cath escreveria fanfics românticas entre Harry e Draco. Eu não conseguia acreditar que havia encontrado na livraria uma história publicada sobre isso. Acho que eu mal vejo menções a fics gerais em livros, imagine slash. Foi um grande atrativo ver algo sobre o fandom reconhecido oficialmente. E como o livro fala sobre um momento logo antes de sair o último livro do Simon Snow, revivi um pouco minha época de fã esperando o último Harry Potter – apesar de não ter nem considerado fazer fila à meia noite na livraria.

Elza: Eu não tenho nenhuma razão especial para ter escolhido esse livro, além de mais de uma pessoa ter me indicado. *inserir sorriso amarelo* Tudo bem, tudo bem, ponto positivo... (...) Eu gostei da Reagan? Teria dado uns chutes na Cath pessoalmente se fosse possível fazer isso com personagens de livros. Reagan foi a primeira a conseguir fazer com que a garota deixasse de ser tão irritante e saísse de seu mundinho particular. Devo dizer que isso não é uma crítica ao fato de que ela passava o tempo todo escrevendo fanfic. É que ela parecia fazer isso completamente isolada do resto da humanidade. Que espécie de fangirl nem sequer participa de um fórum de discussão? Ok, isso é para reclamar nos pontos negativos. Meu ponto positivo: A Reagan. Ela deu voz a minha irritação com a Cath e atuou algumas vezes como uma espécie de alívio cômico. 

Anita: Tem toda a razão, a Reagan também foi minha personagem favorita. O Levi por algum momento também o foi. Não posso negar que ele era fofo em muitas cenas e não merecia as esnobadas que a Cath antes de ela notar que gostava dele – se bem que mesmo depois ela também o esnobava, mas aí tinha suas razões. Um personagem de que morro de pena é da professora da Cath, quem ela também esnobou várias vezes. Que mulher mais atenciosa e compreensiva. Eu amaria ter tido uma professora assim.

Elza: Concordo sobre a parte que toca a professora. Ela realmente ajudou muito a Cath, apesar de má atitude da mesma. Quanto ao Levi, confesso que acabei gostando dele, mas no começo eu o achava grudento demais. A garota preferia o computador a ele? Onde estava o ego do cara? E tem aquela ceninha da festa na casa dele... 

Anita: Falo dessa festa mais tarde! Antes destaco o último ponto positivo, eu gostei dos relacionamentos. A Cath era meio estranha, mas eu achava bonito o amor dela pela irmã e pelo pai, a amizade que ela acabou desenvolvendo com a Reagan e as cenas em que ela lê para o Levi naqueles momentos de amizade meio colorida. 

Elza: Ela realmente parecia ficar mais forte quando se sentia responsável por alguém. Eu gostei em especial das cenas envolvendo o pai. Ele parecia tão fofo... Quero dizer, até os surtos dele eram meio fofos... 

Anita: Exato, o pai foi um ótimo personagem! 

Elza: E eu vou mencionar o Nick como ponto positivo porque acho que ele contribuiu para o crescimento da Cath como escritora. Só por isso. 

Anita: Ah, já tinha esquecido, mas as adaptações que ela fez de Harry Potter para criar o Simon Snow foram divertidas. 

Elza: Devo entender um crossover com Crepúsculo? Porque eu me lembro de alguém sendo vampiro ali, haha. 

Anita: Vamos para os negativos antes que eu comece aqui, rs.


PONTOS NEGATIVOS

Anita: Não vou citar a evolução da história do Simon Snow, mas respondendo, era o "Draco" quem virava vampiro. O problema foi que eu não queria Simon Snow toda hora. Com o tempo, passei a pular todos os trechos intercalados, porque a história não levava a lugar nenhum. Era só uma grande piada que nunca terminava... até que a Cath começou a ler uma fanfic inteira no meio da história. Uma salva de palmas a quem teve a ideia de dar uma formatação diferente àquilo. Ainda assim, como o Levi e a Cath comentavam o que acontecia, eu ainda tive que voltar alguns trechos e encarar a fic. Algo que eu poderia ler de graça no fanfic ponto net, sem pagar por um livro.

Elza: Os trechos de fanfic eram intermináveis... E eu li tudo. TUDO. As vozes na minha cabeça dizem que se eu deixar passar uma palavra de um livro que esteja lendo, os personagens criarão vida e nunca mais me deixarão dormir cantando a música do elefante no meu ouvido.

Anita: Li uma resenha que acusava a Cath de ser uma Mary Sue quando ela própria execrevia as Mary Sues em um momento do livro. Comecemos por: não vamos ser misóginos e generalistas com ódio a Mary Sues. A Cath não é Mary Sue, ela só é chata mesmo. E um dos problemas dela é ter sido mimada pelo fandom de uma forma que nunca soube ter acontecido com uma autora de fanfics de 16, 17 anos. Cito um exemplo: comparavam a obra dela com o livro original, como se a fanfic dela fosse uma substituta ao último livro. Achei isso no mínimo absurdo. O fandom retratado lá, apesar de o livro ser um sucesso estrondoso (e se considerarmos que Harry Potter existe nesse universo, o livro foi mais famoso até que o próprio), pareceu muito simples – e dominado pela Cath. Onde estava a comunidade de Simon Snow? Houve apenas uma cena de pessoas fazendo fila na livraria, enquanto a autora mostra fãs da Cath usando blusa com dizeres de suas fics. Como retrato do fandom, sépia e desgastado é dizer muito sobre a forma como a autora passou ser o fandom. Uma pena e um desperdício.

Elza: Verdade. Cadê as outras autoras de fanfics? Cadê as tretas para ver quem era mais famosa no fandom? E só eu achei a referência a Harry Potter meio nada a ver? O livro meio que me vendeu a ideia de que Simon Snow era o Harry Potter daquele universo. Foi um lapso da autora? 

Anita: Eu achei que foi proposital. Ao mesmo tempo tornou incongruente duas histórias parecidas, com efeitos parecidos, no mundo. Como a J.K. nem processou a sei lá o nome da autora de Simon Snow? 

Elza: É um mundo lindo, onde autoras de fanfic são consideradas superescritoras estrelas internacionais e a J.K. não processa ninguém. De repente até é permitido falar da Xuxa em blogs. (Por favor, não nos processe!) 

Anita: (Deixa quieto...) Já mencionei como a Cath é chata, não vale a pena perder tempo falando de como a Wren é mais chata ainda em boa parte do livro, além de uma insensível. O que não entendi foi a cena da festa com o Levi. Se fosse uma fanfic, eu chamaria de fora de personagem, como é um livro: foi uma forçação de barra desgraçada.

Elza: Já que estamos falando em forçação de barra, e como ainda não superei a minha visão de mundo maravilhosa onde existem escritoras de fanfic profissionais que não são processadas, posso mencionar a parte em que a Cath não sabe que você não pode entregar um fanfic como trabalho de faculdade em uma turma avançada de Escrita Criativa? Vou rir disso eternamente. 

Anita: A discussão que gera é interessante, mas para quem era tão isolada e tímida, entregar uma fanfic com dois homens se agarrando para a professora famosa dela... forçação de barra para fazer a discussão é eufemismo. Se ao menos ela (a autora) houvesse explicado melhor que a Cath tinha consciência de que isso poderia causar problemas e que o fez por sua crença de que as fanfics merecem reconhecimento... 

Elza: A garota é tipo, uma fangirl experiente! Todo mundo que já escreveu fanfic na vida aprendeu como primeira regra a adicionar uma retratação falando que a obra não lhe pertence, blablabá, que tudo tem o objetivo de celebrar o original e divertir outros fãs... Ainda não consigo engolir que ela tenha entregado um fanfic como trabalho, independente do tema. Acho que faltou pesquisa por parte da autora para tornar essa... vida paralela... da personagem mais crível. Para mim foi o maior ponto negativo do livro. 

Anita: Sim, na visão da autora, a fanfic não parecia uma subcultura, algo que normalmente não expomos na vida real.

Elza: O que mais pode ser apontado como negativo? Para mim faltou desenvolver o drama com os pais. As garotas foram abandonadas pela mãe e criadas por um pai que sofria de uma doença psicológica. Isso tinha tanto potencial... A autora podia ter esquecido toda a coisa com o Simon Snow e focado nisso. Ou pelo menos criado um paralelo entre os fanfics da Cath e as coisas que ela vivia. Não aconteceu. 

Anita: Além de o livro não se focar no tema do fandom que prometia no resumo, achei que o ritmo dele foi se perdendo. Lembro-me de haver parado no capítulo 7 – ou era o 6? – e ter demorado meses para conseguir voltar. Se ao menos eu tivesse sabido melhor o foco, eu teria me preparado para o desenvolvimento lento e morno do enredo. 

Elza: Para mim tampouco foi aquele livro em que você se promete ler só mais um capítulo e acaba lendo mais dez. Ele conseguiu me manter interessada, mas me decepcionou bastante com algumas resoluções de conflito. Ou pelo conflito que eu esperava apenas se insinuar e nunca crescer. 

Anita: Ao menos o final não foi ruim, isso posso adiantar. Eu tive medo de quais seriam as intenções da autora em alguns momentos.


ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

Elza: Para mim o saldo foi positivo, se pensarmos no livro como o que ele realmente é: um "coming-to-age". A autora enrolou muito com os fanfics da Cath e não retratou bem o que tocava o lado fangirl da personagem. Também me irritei com algumas atitudes de algumas personagens, que, como dizem os escritores de fanfics, ficaram "OOC" (out of character). Por outro lado, o livro tem um bom texto e quando a autora focava naquilo que interessava, a luta interna de Cath e da irmã para superar seus medos e viver no mundo real, ela conseguiu provocar em mim emoções, nem que fosse vontade de chutar alguém. Também gostei do final. O livro tinha potencial para mais, mas eu recomendaria sim. 

Anita: Infelizmente, o livro não aborda bem o aspecto do fandom e a história não é empolgante. Há, porém, cenas fofas e é o tipo de livro que te faz se sentir bem ao final, com aquele sorrisinho bobo de quem gostou. Ele é um YA de conteúdo, o que o deixa, ao menos, na média para cima.


Avaliação:





Serviço
Título Original: Fangirl
Editora: Novo Século
Ano: 2014
Número de Páginas: 424

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