07 outubro 2015

{Resenha} CyberStorm - Matthew Mather

Título Original: CyberStorm
Editora: Aleph
Ano: 2015
Número de Páginas: 368

"A tecnologia não podia regredir, mas os seres humanos sim, e com uma facilidade e rapidez surpreendentes quanto os vestígios do mundo moderno desapareciam. O animal tribal sempre esteve ali, escondido por baixo da superfície de nossa existência, dos cafés, dos telefones celulares e da TV à cabo."








Sobre o que é: Um ataque virtual de origem desconhecida causa o colapso de todos os serviços básicos nos Estados Unidos – ou pelo menos é o que pensa um grupo de moradores em um prédio residencial de luxo em Manhattan que, sem comunicação com o resto do mundo, luta para sobreviver em meio à falta de água, energia, escassez de alimentos e uma tempestade de neve que não poderia ter caído em hora pior.


O que esperar: O livro é narrado em primeira pessoa, no ponto de vista de Mike Mitchell, um morador de Nova York não incomum, mas com estilo de vida acima da média; casado com uma mulher de nível social superior ao dele, com quem tem um filho pequeno. Ele começa a enfrentar problemas no casamento quando, incentivada pelos pais, a esposa decide fazer uma entrevista de emprego em um escritório de advocacia em Boston, ato que entra em conflito com os planos que o casal tinha para o futuro imediato. Em meio a isso, os ataques cibernéticos acontecem, fazendo com que, um por um, os serviços básicos - água, telefone, Internet, energia elétrica - sejam interrompidos, deixando a população de Manhattan isolada e a espera de um resgate que nunca vem, apesar das constantes promessas das autoridades transmitidas através do rádio. Mike, então, pode contar apenas com seus vizinhos, em especial seu melhor amigo Chuck, que é um entusiasta de teorias da conspiração e o único a estar preparado para uma situação de emergência.


Opinião: Esse é um daqueles casos de boa ideia com execução que deixa a desejar. Já li vários livros lidarem com a degradação da sociedade, causados por todos os tipos de eventos catastróficos, mas foi a primeira vez que vi tal cenário apocalíptico associado a dependência do homem à Internet. Achei um tema brilhante a ser explorado e, se o livro não discute a possibilidade com o mesmo brilhantismo, pelo menos faz de maneira competente. 

O maior ponto positivo é a forma como o autor mostra a deterioração da ilha de Manhattan, que pouco a pouco se torna um cenário medieval, onde vale a sobrevivência do mais forte. A escassez de água, comida e outras necessidades básicas, faz com que as pessoas logo comecem a se valer de medidas desesperadas e confiar cada vez menos umas nas outras. A neve torna a cidade difícil de transitar, a falta de água causa caos quando as pessoas não têm mais condições de manter as habitações limpas ou mesmo sua higiene pessoal. Doenças e infestações proliferam e o autor fez um excelente trabalho ao desenrolar esse cenário de forma crível e assustadora. Deu até vontade de correr e abraçar meu chuveiro em certo ponto. 

Infelizmente, o que houve de positivo no livro não foi o bastante para compensar personagens antipáticos e falta de acontecimentos interessantes. Os personagens passam muito da trama cometendo erros estúpidos que os levam a ser roubados ou atacados e não parecem aprender quase nada com isso. Os acontecimentos com alguma dose de tensão são raros e esporádicos. A maior parte do tempo é apenas uma narrativa sobre como a cidade se torna ruínas cada vez mais depressa à medida que a comida fica mais escassa e as pessoas mais desesperadas. Seria excelente se os sobreviventes sob o ponto de vista dos quais assistimos o enredo se desenrolar provocassem alguma empatia. A certa altura do livro, um dos personagens principais quase é morto e tudo que consegui sentir foi..


Era decepcionante quando as situações de risco nunca provocavam efeitos sérios no grupo. Tampouco ajuda que o autor recorre a saltos temporais brucos para se esquivar de desenvolver certas situações de maneira mais completa e sutil. 

O enredo tem uma reviravolta no final (talvez "mudança" seja uma palavra mais apropriada), mas a essa altura já estava tão ansiosa para chegar ao final e deixar o universo de CyberStorm para trás que nem fez muita diferença. 

Vale pela discussão sobre a nossa dependência da Internet e a posição de vulnerabilidade na qual ela nos deixa. Se, porém, você estiver procurando um livro com ritmo e situações tensas, não recomendo.


Avaliação:


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