08 dezembro 2015

{Resenha} 172 Horas na Lua - Johan Harstad

Título Original: 172 Hours on Moon
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Número de Páginas: 288


"No espaço, ninguém pode ouvir você gritar."












O ano é 2018. Quase cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela primeira vez. Três adolescentes comuns vencem um sorteio mundial promovido pela NASA. Eles vão passar uma semana na base lunar DARLAH 2 - um lugar que, até então, só era conhecido pelos altos funcionários do governo americano. Mia, Midore e Antoine se consideram os jovens mais sortudos do mundo. Mal sabem eles que a NASA tinha motivos para não ter enviando mais ninguém à Lua. Eventos inexplicáveis e experiências fora do comum começam a acontecer. Prepara-se para a contagem regressiva. - (Amazon)


O diabo de um livro frustrante.

Eu tenho uma filosofia sobre ficção: não existem histórias ruins, apenas histórias mal contadas. O autor certo consegue escrever um livro sobre zumbis bailarinos devoradores de palmito e convencer você de que é um cenário totalmente possível e que deve dormir com a luz acesa só por via das dúvidas.

172 Horas na Lua foi uma história sobre zumbis bailarinos devoradores de palmito nas mãos do autor errado.

Ou do editor errado, porque o livro me deu a impressão de ter sido cortado em algumas partes, como se houvesse buracos na narrativa. Por exemplo, quando os três adolescentes chegam à NASA, nós nunca os vemos sendo apresentados e desenvolvendo um relacionamento. Uma hora eles estão em uma sala de aula, se vendo pela primeira vez; no próximo capítulo, três meses se passaram e eles se tornaram BFFs com direito a festa do pijama. Seja escolha do editor para enxugar o livro, ou do autor para evitar descrever a rotina de treinamento submetida aos astronautas, deu na cara e prejudicou a narrativa. Em uma história onde há pessoas jogadas em situação de perigo extremo é essencial que o leitor se preocupe com elas. Do contrário, qual o propósito?

Já é algo bem difícil de engolir que a NASA mandaria adolescentes para a lua. Mais ainda adolescentes completamente aleatórios que sequer se interessam por astronomia ou pela corrida espacial. Que eles façam isso com apenas três meses de treinamento, depois de décadas sem mandar ninguém até a tal base lunar que ninguém sequer tem como saber se está funcionando de verdade, torna tudo ainda mais inverossímil. Essas coisas poderiam ser ignoradas se as personagens tivessem sido bem apresentadas, com um background sólido, mas isso não acontece. Os motivos que o autor dá para cada adolescente ter se inscrito no tal sorteio da NASA são rapidamente desconstruídos – Mia aceita fazer a viagem para que possa promover sua banda, mas uma vez imersa no programa, mal a menciona; Antoine quer se afastar o máximo possível de Paris por causa de uma garota que partiu seu coração, mas esquece dela tão rápido que chega a ser engraçado; Midore... sei lá, ela devia ser importante?

Os astronautas que acompanham os adolescentes são ainda menos explorados. Minha impressão foi que o autor teria se beneficiado de um pouco mais de pesquisa nesse ponto. Um dos astronautas me irritou especialmente, porque parecia tão descontrolado quando as coisas começaram a dar errado que tudo o que eu conseguia pensar era que a NASA jamais mandaria tal criatura histérica para o espaço. Cadê o critério? É assim que eles pretendem colonizar Marte? #VocêsEstãoFazendoIssoErrado

Fora esses detalhes mais óbvios, o livro é cheio de pontas soltas. Personagens que são apresentados, mas não têm importância alguma; detalhes que são mencionados várias vezes em algum ponto da narrativa, mas completamente esquecidos em seguida; informações contraditórias que prejudicam um melhor entendimento do que aconteceu de uma forma geral.

Quanto ao final, tenho sentimentos contraditórios sobre ele. Por um lado, foi original e até divertido (se você for adepto do humor negro), mas não sobrevive a uma análise mais aprofundada. Provavelmente vai encontrar mais de um detalhe que não faz sentido se confrontado com informações apresentadas no meio da trama. 

No geral, repito que achei o livro frustrante. O autor, porém, é um bom escritor e mostra ter talento para o suspense. As cenas em que os adolescentes se deparam com eventos estranhos antes de saírem de seus respectivos países para ingressar no programa da NASA são interessantes. Ele também consegue descrever o clima de desolamento na lua de maneira competente e os acontecimentos depois da chegada da expedição (não quero entrar em detalhes para evitar spoilers), conseguem oferecer alguma tensão, embora em doses homeopáticas. A explicação do que acontece na lua não é das melhores, mas, bem... diante dos outros problemas nem vou reclamar disso.

172 Horas na Lua é bem intencionado, além de uma leitura rápida. Não o recomendo para qualquer leitor. Se vale a pena vai depender da sua tolerância para pontas soltas e o quanto faz questão de um final bem explicado. Por outro lado, eu estou disposta a ver o filme. Algumas cenas me pareceram ideais para uma adaptação cinematográfica. 

Vale mencionar que esse livro não é um YA, apesar de ser centrado em adolescentes. Se esse é seu motivo para escolhê-lo, taí sua desculpa para fugir antes que seja tarde. #ficaadica


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