03 junho 2016

{Resenha} Ele Está de Volta - Timur Vermes

Título Original: Er ist wieder da
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Número de Páginas: 304

Resumindo de outra forma: no geral, a situação era excelente para mim. Tão excelente que decidi no mesmo instante verificar a situação no exterior com mais precisão. Infelizmente, fui desencorajado por uma mensagem urgente. Alguém se dirigiu a mim com um problema militar, e, como neste momento eu não tinha um Estado para dirigir, decidi ajudar de última hora aqueles camaradas alemães. Por isso, passei as três horas e meia seguintes no computador com um simulador de rastreamento de minas chamado Campo minado.

Resumo: Berlim, 2011. Adolf Hitler acorda num terreno baldio. Vivo.

As coisas mudaram: não há mais Eva Braun, nem partido nazista, nem guerra. Hitler mal pode identificar sua amada pátria, infestada de imigrantes e governada por uma mulher. As pessoas, claro, o reconhecem — como um imitador talentoso que se recusa a sair do personagem. Até que o impensável acontece: o discurso de Hitler torna-se um viral, um campeão de audiência no YouTube, ele ganha o próprio programa de televisão e todos querem ouvi-lo. Tudo isso enquanto tenta convencer as pessoas de que sim, ele é realmente quem diz ser, e, sim, ele quer mesmo dizer o que está dizendo. Ele está de volta é uma sátira mordaz sobre a sociedade contemporânea governada pela mídia. Uma história bizarramente inteligente, bizarramente engraçada e bizarramente plausível contada pela perspectiva de um personagem repulsivo, carismático e até mesmo ridículo, mas indiscutivelmente marcante.(-Skoob)

 
Sim, é verdade que praticamente não é mais um blog de resenhas, mas este era um livro que eu não consegui ficar calada. 

Hitler estava tranquilo em seu bunker — bem, cercado pelos bolcheviques ao final da Segunda Guerra — quando de repente acorda em plena Alemanha, 2011. Seu uniforme e sua aparência chamam bastante atenção, principalmente quando combinados com sua caracterização perfeita do infame ditador. Num repente, ele é tratado como comediante opinando "como" Hitler sobre as contradições do mundo moderno.

Soa interessante?

Não é.

Quando fui procurar resenhas, porque o resumo é hilário mesmo, reparei-me com uma pontuação baixa no Goodreads e críticas pouco elucidativas. Resumiam-se a: "Hitler não é um assunto para se fazer comédia". Até onde sei, desde o Chaplin, e muito provavelmente antes disso, ele sempre foi um belo material. Se bem que até compreendo de onde essas pessoas pensam assim. Ao menos na Alemanha, a educação foi para fazer tabu de tudo referente à Segunda Guerra.

Só que resenhas assim não me ajudaram. E não era essa a ideia de uma resenha? Precisei me aventurar sozinha na obra, quando poderia ter sido poupada com o melhor aviso que posso dar: este livro é chato pra burro. Mera desculpa para disfarçar uma biografia/coluna de jornal.

Ou seja, você vai adorar as primeiras dez páginas, mas o enredo não vai nunca sair daquilo.

A narração, em primeira pessoa do próprio Hitler, é predominada por diálogos internos. Boa parte faz referência à história dele (que não posso dizer se é de conteúdo verídico, mas me pareceu que o autor é mesmo um especialista), outra às suas constatações sobre nosso mundo. As últimas até poderiam ter sido engraçadas se não fosse o evidente objetivo de crítica social.

Não achei um livro com visão nazista. Se fosse votar, a ideia do autor era fazer uma piada dos movimentos de direita na Europa. Apesar de um livro de 2011, ele seria ainda mais atual para hoje. Contudo, não era a leitura que eu queria ter feito a partir daquele resumo.

Certo, percebi que em vez de ser uma comédia, este é um livro sério. E aí? O diálogo interno continuou exaustivo e acabei desistindo dele, pulando para os diálogos, que era quando a história normalmente acontecia. Contemplação demais do próprio umbigo não faz meu gênero.

Minha esperança era de, em alguma altura, o enredo ao menos arriscasse mais. Poxa, o cara trouxe Hitler para criticar os nossos tempos! Só que a conclusão é aberta. Não direi decepcionante. Direi que ela manteve o tom do livro. Algo como "chato pra burro". Foi uma oportunidade perdida para o autor fazer algum barulho ao menos... e em vez disso, a história apenas parou. Ele tinha esperança de ver uma série aprovada?

Há um problema imenso também, mas este de tradução. O livro é recheado de referências não apenas a problemas alemães, mas à cultura, às personalidades daquele país. Algumas notas de rodapé poderiam ter nos ajudado com as poucas piadas.

Por último, para quem se importa com a parte nazista, quem reclamou não estava errado. Eu comentei que o autor critica o nacionalistas, os partidos de direita atuais na Alemanha, mas a impressão que me deu, ao final, é que a crítica não aplicava ao nazismo do próprio Hitler. Pode ter sido minha leitura apressada e desinteressada que eu perdi a crítica. E bem, ninguém é obrigado num livro de ficção ficar sendo o politicamente correto... Só não aconselho este livro a ninguém.

Avaliação:

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